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Eleições 2018

- Publicada em 07 de Setembro de 2018 às 12:33

Atentado a Bolsonaro 'mostra nível de violência' da campanha, alerta cientista político

Professor da Pucrs opina que o atentado não deve ter impacto na eleição de outubro

Professor da Pucrs opina que o atentado não deve ter impacto na eleição de outubro


FEE/DIVULGAÇÃO/JC
O risco de mais violência na campanha a presidente e a desconfiança nas instituições que faz as pessoas agirem com as próprias mãos são dois alertas do cientista político Augusto Neftali Corte de Oliveira ao tentar analisar o significado e impactos do atentado ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Bolsonaro, líder das pesquisas eleitorais, foi atacado com uma facada durante ações de campanha em Minas Gerais. Ele foi atendido em um hospital em Juiz de Fora e transferido ao Hospital Albert Einstein, em São Paulo.     
O risco de mais violência na campanha a presidente e a desconfiança nas instituições que faz as pessoas agirem com as próprias mãos são dois alertas do cientista político Augusto Neftali Corte de Oliveira ao tentar analisar o significado e impactos do atentado ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Bolsonaro, líder das pesquisas eleitorais, foi atacado com uma facada durante ações de campanha em Minas Gerais. Ele foi atendido em um hospital em Juiz de Fora e transferido ao Hospital Albert Einstein, em São Paulo.     
Oliveira, doutor em Ciência Política e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais a Pontifícia Universidade Católica do RS (Pucrs), considera o episódio muito triste e faz duas observações: "De um lado, diagnostica o nível de violência e truculência a que se chegou e, de outro, a falta de confiança na política e na capacidade do governo de oferecer soluções às pessoas".
O cientista político adverte que "a violência é muito disruptiva". Ou seja: se o incidente não for tratado de maneira adequada e imparcial, pode redundar em mais atos violentos no contexto da campanha. "Violência gera violência sempre que as instituições e as pessoas não estejam abertas a colocar de lado esse tipo da solução e deslegitimá-la, para buscar um acordo em torno das regras e dos limites da disputa", adverte o professor da Pucrs. Logo após o fato, os próprios adversários na corrida presidencial condenaram o ataque e defenderam que a campanha não pode seguir por caminhos extremos.
O professor da Pucrs cita casos anteriores recentes no País, que já haviam sinalizado para a tensão na atual disputa eleitoral, como os ataques ao ônibus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez uma caravana pelo Sul do País em março, e os tiros disparados contra participantes do acampamento montado em frente à sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde Lula está preso desde 7 de abril, cumprindo pena na condenação que o tirou da disputa presidencial.
Atentados contra personalidades políticas em campanhas não são privilégio do Brasil. Oliveira cita a  execução em 1968 do irmão de John Kennedy, Bob Kennedy, que estava bem colocado na disputa para ser o nome do Partido Democrata para a disputa da presidência dos Estados Unidos. Bob ganhou popularidade ao defender direitos humanos e civis e ser crítico da ação norte-americana na guerra do Vietnã. Mas ele acabou sendo assassinado por um palestino por sua atuação no conflito Israel-Palestina. O próprio John Kennedy foi morto em 1963 quando estava no cargo.
Seja nos EUA ou no Brasil, atos como o cometido por Adelio Bispo de Oliveira, preso e acusado pelo ataque ao candidato, expressam "um tipo de comportamento das pessoas", interpreta Oliveira: "A ideia de que a capacidade é tão baixa de ser ouvido que tenho de recorrer à violência". O acusado fazia postagens em redes sociais com críticas à forma e plataforma de campanha do candidato do PSL e também à política em geral no País. 

Professor descarta maiores impactos na corrida presidencial

Oliveira avalia que o atentado motive mais eleitores de Bolsonaro, já bastante engajados

Oliveira avalia que o atentado motive mais eleitores de Bolsonaro, já bastante engajados


RAYSA LEITE/AFP/JC
Como faltam ainda quatro semanas para o primeiro turno, o cientista político Augusto Neftali Corte de Oliveira acredita o atentado a Jair Bolsonaro não terá maior impacto na disputa, pois haverá tempo para o fato ser digerido. "As pessoas que já apoiam Bolsonaro talvez se sintam mais dispostas a defender a plataforma do candidato. Mas estamos falando de um segmento que já é muito ativo. O ataque não vai mudar isso." O professor reforça que hoje Bolsonaro já lidera as pesquisas eleitorais.
Oliveira lembra do episódio da morte de Eduardo Campos, que disputava a presidência em 2014 pelo PSB, em em um acidente de avião em Santos (SP) e que "foi mais radical (pela morte) e causou uma comoção inicial importante". "Mas não chegou a impulsionar a campanha de Marina Silva, que era a vice de Campos e assumiu a vaga de presidenciável", previne o professor.
"As pessoas têm tempo para digerir as emoções e retomar um raciocínio mais normal", opina o cientista político. A influência poderia ser sentida caso o atentado tivesse ocorrido mais próximo do dia da eleição, "no calor do momento", avalia. "Como haverá um período para pensar, não creio que o atentado tenha necessariamente impacto maior", conclui o professor da Pucrs.