Laura de Andrade
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que proíbe o uso de celulares por estudantes em todas as escolas públicas e privadas do País. A partir de agora, cada instituição de ensino será responsável por organizar as regras e formas de restrição para garantir a implementação da lei. Essa autonomia, embora necessária, traz desafios práticos importantes. Um dos principais pontos de atenção será o apoio das famílias a estas regras, pois sem a parceria e compreensão delas, o impacto da medida pode ser limitado.
A realidade é que, em muitos casos, as regras do "burlar" se tornaram algo comum. As escolas, que muitas vezes apresentavam "vistas grossas" diante do uso excessivo de celulares, agora precisam assumir uma postura firme. Essa mudança vem em um momento em que os professores já não conseguem mais enfrentar as dificuldades para manter a atenção dos alunos na sala de aula, sendo impostos a restrições ao uso de dispositivos por conta própria. Essa tarefa, até então, era árdua e desafiadora.
O ambiente escolar é o segundo espaço social mais importante para o desenvolvimento de uma criança, sendo o local onde elas iniciam a convivência com pessoas fora do círculo familiar. Na escola, a interação com outras culturas e experiências é importante para o aprendizado. Contudo, essa convivência tem sido limitada pela presença constante dos celulares, o que dificulta a troca e as interações sociais, entre o brincar para os pequenos e o conversar para os adolescentes.
Neste momento, é essencial que escolas e famílias atuem em parceria para garantir o sucesso da implementação dessa lei. O processo de adaptação, embora desafiador, representa uma oportunidade única de ressignificar o ambiente escolar e promover um aprendizado mais humano e interativo.
O papel das escolas será fundamental para criar momentos de trocas genuínas, proporcionar atividades atrativas e desenvolver espaços que fomentem a convivência social, como jogos, brincadeiras colaborativas e atividades que despertem a curiosidade e a criatividade. É preciso ensinar novos caminhos para aqueles estudantes que ainda não vivenciaram ou não estão familiarizados com formas alternativas de interação e entretenimento.
Diretora executiva da Abess e especialista em Educação Especial e Inclusiva