Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 22 de Setembro de 2024 às 19:17

A alta na Taxa Selic e a cautela do Copom

Card editorial

Card editorial

ARTE/JC
Compartilhe:
JC
JC
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, não foi uma surpresa para o mercado. O anúncio veio na esteira de um discurso sobre a necessidade de cautela diante de uma economia aquecida, cuja resiliência tem superado as expectativas.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,75% ao ano, não foi uma surpresa para o mercado. O anúncio veio na esteira de um discurso sobre a necessidade de cautela diante de uma economia aquecida, cuja resiliência tem superado as expectativas.
O Brasil tem criado mais empregos com carteira assinada, os salários estão em alta, a economia cresce acima do esperado e a inflação desacelera. Mas se tudo está dentro dos planos do governo federal, por que elevar os juros?
A questão é que quanto mais pessoas empregadas e maiores os salários de forma geral, maior também é o poder de compra. Em sete meses de 2024 - até julho -, o Brasil gerou mais empregos com carteira assinada do que em todo o ano de 2023. Naquele mês, houve um saldo de 188 mil postos de trabalho.
No ano, o País acumula 1,49 milhão de postos de trabalho com carteira assinada. O número já supera o saldo do ano inteiro de 2023, quando houve cerca de 1,46 milhão. Com isso, o estoque, ou seja, o número de pessoas atuando com carteira assinada, chegou a 47 milhões, o maior número de toda a série histórica.
Com mais empregos, aumenta o consumo e a inflação é pressionada. Quando o BC opta por aumentar os juros, está dando um recado de que é preciso reduzir a demanda e desincentivar gastos e investimentos.
Da mesma forma, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o salário médio de contratação subiu 2,19% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 2.161,37. Mais dinheiro no bolso do trabalhador também é estímulo ao consumo.
Entre as críticas à decisão do Copom, está o reflexo negativo sobre a economia como um todo. Um exemplo é o aumento da dívida pública e a consequente redução de investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e meio ambiente.
No Rio Grande do Sul, a elevação dos juros acaba por impactar o crédito necessário para o processo de recuperação de diferentes setores econômicos após as enchentes.
Essa tentativa de controlar a inflação também pode ser interpretada como conservadora. Um excesso de cautela que deve impor restrições adicionais à atividade econômica, com reflexos negativos sobre o emprego e a renda, enquanto as economias desenvolvidas começam a reduzir os juros - caso dos Estados Unidos, que diminuíram, na mesma data da elevação no Brasil, seus juros em 0,5 ponto.
 

Notícias relacionadas