Leonardo Fração
Sou engenheiro por formação, e para um homem com um martelo, todo problema se parece com um prego.
Na Engenharia (ou na Matemática para ser mais preciso), muitos problemas tentam se explicar por uma curva de Gauss, também conhecida como distribuição normal.
Na segurança pública, não é diferente.
Na segurança pública, não é diferente.
Uma das minhas piadas favoritas, e que nunca fica velha, se refere ao malandro e ao bobo que todos os dias saem de casa. Quando se encontram, sai negócio.
Uma versão piorada desta piada é a realidade de todo o País: todos os dias milhares de ladrões e milhões de trabalhadores saem de casa. Se eles se encontram, e não há um policial por perto, sai um assalto.
Hoje fui convidado para ser paraninfo da turma de formatura dos novos capitães da polícia militar, honraria que tem um significado especial para mim e que vai muito além da institucionalidade da relação entre o Instituto Cultural Floresta e a Brigada Militar.
Na minha visão, o policial é na sua essência o lado oposto do ladrão nesta distribuição normal, onde se encontra uma minoria de pessoas que estão sempre dispostas a ajudar aos outros e trabalhar para tornar o ambiente em que vivem melhor para todos.
Recentemente tivemos a pior catástrofe natural da história do RS e talvez do Brasil. Nela, vimos que a polícia e os agentes de segurança publica não estão sozinhos neste canto da curva. Milhares de voluntários civis do Brasil inteiro se mobilizaram para ajudar ao próximo, salvar vidas, e se doar (e doar recursos) para reestabelecer a dignidade de um desconhecido.
Apesar de não ser inteligente para contestar uma distribuição normal, depois do que vi nas enchentes, definitivamente contesto se os dois lados extremos desta distribuição são iguais: eu hoje acredito que sejamos muito mais as pessoas de bem, do que as do mal.
Minha honraria de hoje vai a todos estes voluntários e doadores do Instituto, novos e antigos. Estou sendo individualmente premiado por algo que fui um grão de areia na praia.
Presidente do Instituto Floresta e sócio da Nebraska Capital