Entre os desafios da Região Sul do Estado para o seu desenvolvimento econômico está a dificuldade em criar oportunidades de empregos. Durante evento de abertura da terceira temporada do Mapa Econômico do RS, realizado em Bagé, no dia 5 de junho, o prefeito Luiz Fernando Mainardi destacou esse como um empecilho para evitar o êxodo populacional.
Os dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmam a percepção do chefe do Executivo de Bagé: embora a variação no estoque de empregos regional tenha sido positiva, ela ainda está abaixo da média estadual.
O Rio Grande do Sul conseguiu ampliar as oportunidades de vagas formais de trabalho em 2,45% entre abril de 2024 e abril de 2025, conforme o mais recente Boletim do Trabalho produzido pelo Departamento de Economia e Estatística do Estado (DEE-RS). Já as Regiões Sul, Campanha, Fronteira Oeste e Centro-Sul somadas representam uma variação de apenas 1,31%.
O crescimento da metade Sul do Estado, embora singelo, é puxado por algumas das cidades mais populosas de cada Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede). Municípios como Rio Grande, São Borja e Pelotas, por exemplo, conseguiram ampliar mais as oportunidades do que o Estado. "Dentro dessa perspectiva dos maiores municípios, não é uma região que esteja demonstrando uma crise ou uma insuficiência de dinamismo sistemicamente", avalia o pesquisador do DEE-RS Guilherme Sobrinho.
Na Região Sul, Pelotas e Rio Grande lideram no estoque de empregos formais de abril de 2025, com, respectivamente, 66.333 e 43.059 postos de trabalho. Na Campanha, a liderança fica com Bagé, que contabiliza 18.445 empregos. Já na Fronteira Oeste puxam a frente os municípios de Uruguaiana (20.739 empregos formais) e Santana do Livramento (14.217). Por fim, no Centro-Sul, é Camaquã a líder, somando 11.558 postos de trabalho.
Por outro lado, o número é derrubado por índices negativos em outros municípios. Principalmente, em São José do Norte, onde foi perdido quase 50% do estoque de empregos no mesmo período. A variação pode ser explicada, em parte, pelo Estaleiro EBR, de acordo com o pesquisador, que impacta nas oportunidades do setor industrial. "A indústria de embarcações está concentrada quase 100% em São José do Norte. E há uma oscilação muito grande, pelo que tenho acompanhado, em função do vai e vem da política de afirmação do polo naval", avalia Sobrinho.
Ao avaliar setores econômicos, é notável que há discrepâncias entre a Região Sul e outras partes do Estado. Afinal, embora na maioria do território gaúcho a construção civil tenha tido um boom de empregos, é possível observar que na região funcional que abrange parte da Campanha e da Fronteira Oeste, houve uma queda. Para o especialista, os índices negativos podem estar relacionados a grandes obras nos respectivos locais que foram finalizadas durante o período analisado.
Já na agropecuária, todo o Estado passou por dificuldades na geração de empregos. Entretanto, a parte Sul foi a mais atingida, com variações negativas conforme aponta o DEE-RS. O catalisador disso pode ter sido a repetição dos problemas climáticos locais observados ao longo dos últimos anos. Afinal, embora não tenha sido tão diretamente afetada pelas enchentes que assolaram a maior parte das cidades gaúchas, a Região Sul enfrentou uma severa estiagem mais uma vez. O fator, aliás, impactou negativamente na própria economia do Rio Grande do Sul nos anos 2020.