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Publicada em 23 de Outubro de 2025 às 17:40

Pelas estradas, Passo Fundo é plataforma de exportação

Em período de escoamento de safra, até 250 caminhões acabam circulando por dentro de Passo Fundo

Em período de escoamento de safra, até 250 caminhões acabam circulando por dentro de Passo Fundo

Prefeitura de Passo Fundo/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Curiosamente, e não por acaso, Passo Fundo, que liderou as exportações gaúchas em agosto, com 92% dessas exportações em soja em grão e triturada, já não conta com os trilhos para a logística da produção. O reflexo acontece nas rodovias. De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento, Adolfo de Freitas, em período de escoamento de safra, até 250 caminhões acabam circulando por dentro da cidade.
Curiosamente, e não por acaso, Passo Fundo, que liderou as exportações gaúchas em agosto, com 92% dessas exportações em soja em grão e triturada, já não conta com os trilhos para a logística da produção. O reflexo acontece nas rodovias. De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento, Adolfo de Freitas, em período de escoamento de safra, até 250 caminhões acabam circulando por dentro da cidade.
A Be8 que, na década passada, inovou com o transporte de biocombustível por trens para exportação e para distribuidoras, somente neste ano, conforme o presidente Erasmo Batistella, gastou R$ 7 milhões a mais em fretes, com 2,5 mil caminhões a mais contratados e circulando pelas rodovias gaúchas e brasileiras.
"Mesmo sem o trem, Passo Fundo seguirá sendo uma plataforma estratégica para as exportações e toda a produção rural do Norte do Estado. Estamos melhorando a infraestrutura desse fluxo crescente no município, tanto pelo agro quanto pelo crescimento industrial da região", diz o secretário.
Enquanto investe, inclusive custeando projetos estaduais, em pelo menos três trevos de acesso a áreas industriais da cidade - reduzindo o fluxo dos veículos pesados dentro da cidade -, Passo Fundo mobiliza-se para criar um Porto Seco, inclusive com um posto aduaneiro, já solicitado à Receita Federal. Segundo o secretário, o posto alfandegário atenderia empresas da cidade e de outros municípios da região, que atualmente despacham exportações a partir de estruturas localizadas em cidades mais distantes, como São Borja ou Canoas.
Seria um complemento à Plataforma Logística Industrial, um distrito com 55 hectares e capacidade para 70 empresas na área de logística, também em concretização na cidade, nas proximidades da BR-285.
A rodovia federal é um dos eixos da produção local, no caminho da ligação logística entre o litoral brasileiro e os portos do Chile. Em Panambi, onde está instalado um dos principais polos metalmecânicos gaúchos, com indústrias como a Kepler Weber, que movimentam o agro do Brasil inteiro, a BR-285 tem pista simples. Torna-se um obstáculo à logística da produção local.
"Sem uma estrutura de rodovias adequada, a nossa distância para os grandes centros de consumo acaba ficando ainda maior", comenta o diretor industrial da Kepler Weber, Fabiano Schneider.
Com um grupo de outras seis indústrias de Panambi, que formam o Instituto Integrar, há uma mobilização para a duplicação daquele trecho da rodovia, fundamental para escoar a produção para o Sudeste.
Na região, há dois trechos urbanos da rodovia federal em melhorias. Em Passo Fundo, está em fase de projetos a duplicação de 12 quilômetros, com viadutos e trevos de acesso a áreas economicamente vitais do município. A obra faz parte do Novo PAC e está orçada em R$ 290 milhões. Outro trecho urbano da BR-285, em Ijuí, já está mais adiantado. A movimentação das obras para duplicar 10 quilômetros da rodovia federal, com investimento de R$ 255 milhões, iniciou em fevereiro.
No eixo vertical, ligando o Brasil de norte a sul, os caminhos também cruzam a região, com a Transbrasiliana (BR-153). E depois de mais de 50 anos de mobilização, finalmente o Governo Federal tem, ao menos, o projeto executivo aprovado em julho, e agora trabalha nos licenciamentos, para finalmente pavimentar o trecho de 68 quilômetros entre Passo Fundo e Erechim, as duas principais economias da região.
A obra, que daria fim ao trecho de chão batido e encurtaria em mais de 10 quilômetros a atual travessia feita entre as duas cidades, é orçada em R$ 584 milhões. Está incluída no Novo PAC, mas ainda será preciso garantir o recurso no orçamento da União em 2026. Esta é uma das maiores rodovias do Brasil, em torno de quatro mil quilômetros entre o Pará e a fronteira com o Uruguai.

Duplicação da ERS-135 faz parte de novo lote de concessões

Sem condições de tráfego pesado na Transbrasiliana, o intenso fluxo econômico entre Passo Fundo e Erechim acaba absorvido pela ERS-135 que, no entanto, é uma rodovia de pista simples e que não comporta, por exemplo, caminhões bitrens. Além da limitação logística, é um risco à segurança no trânsito. Não à toa, a rodovia é um dos principais eixos incluídos no Bloco 2 de concessões de rodovias planejado pelo Governo do Estado.
Conforme o projeto atualizado para a concessão de rodovias do Norte e do Vale do Taquari, que ainda não teve o leilão realizado, a ERS-135 terá 40,5 quilômetros duplicados e quase 26,8 quilômetros de terceira faixa. Pelo cronograma já definido, as obras de duplicação da rodovia iniciarão no terceiro ano de concessão, a partir de Erechim. No quinto ano, aconteceriam os trabalhos no contorno de Passo Fundo. Os investimentos na ERS-135 estariam concluídos em dez anos, com a duplicação do trecho de Getúlio Vargas.
No mesmo bloco de concessão está a ERS-324, entre Passo Fundo e Nova Prata, na Serra. Também em dez anos, a perspectiva é de que 60,6 quilômetros estejam duplicados e 22,5 quilômetros com implantação de terceira faixa. Neste caso, as obras têm previsão de início a partir do município da região da Produção, no terceiro ano de concessão.
Ao todo, os municípios da macrorregião teriam seis praças de pedágio no projeto revisado pelo governo.

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