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Mapa Econômico do RS

- Publicada em 28 de Novembro de 2023 às 10:05

Investimentos em saneamento vitaminam a produção de bebidas

 Tratamento de esgoto reduzirá os custos para a indústria que gera mais de R$ 700 milhões em arrecadação

Tratamento de esgoto reduzirá os custos para a indústria que gera mais de R$ 700 milhões em arrecadação


Femsa/Divulgação/JC
Quando o assunto é água, o alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura na Região Metropolitana é aceso. Estão na região dois dos mananciais que figuram historicamente entre os de piores índices de qualidade do país. Resultado de décadas de estagnação nos investimentos em tratamento de esgoto.
No entanto, é a partir dos rios dos Sinos e Gravataí que a FEMSA/Coca-Cola (Porto Alegre) e a Ambev (Viamão e Sapucaia do Sul) garantiram no ano passado quase R$ 700 milhões em arrecadação de ICMS, valores que equivalem a 31% das arrecadações com as operações industriais entre entre os três municípios. Este é um dos setores que acompanham de perto a evolução de um dos principais investimentos dos últimos anos na região, com o início da PPP do Saneamento, firmada entre a Ambiental Metrosul e a Corsan. A meta é chegar a 2031 com 87% do esgoto tratado entre nove municípios da região que, em dezembro de 2020, tinham somente 33% do esgoto coletado e tratado. Até o final deste ano serão 44%.
“Neste período, já foram investidos R$ 250 milhões, com o avanço de 25 quilômetros de redes de coleta de esgoto entre os bairros Niterói e Harmonia, em Canoas, Alvorada, Viamão, Cachoeirinha e Eldorado do Sul. A partir do próximo ano, teremos uma aceleração significativa nos investimentos. Serão outros R$ 250 milhões somente em um ano, e aí entraremos com obras em Esteio, Gravataí e Guaíba, com 125 quilômetros de novas redes. Certamente, a curva de tratamento e melhoria da qualidade da água começará a fazer a diferença”, aponta o diretor executivo da Ambiental Metrosul, Fábio Arruda.
Cervejaria de Viamão produz para o Sul e Sudeste
Em Viamão, na bacia hidrográfica do Rio Gravataí, por exemplo, onde a Ambev opera a Cervejaria Águas Claras, com 880 funcionários e a produção de 990 milhões de litros de 94 tipos de cerveja, especialmente Polar e Brahma, já com as primeiras intervenções da parceria público-privada, o índice de tratamento de esgoto subiu de apenas 3% de cobertura para 17%. Estão em fase inicial as obras, com previsão de entrega em 2024, uma nova estação de tratamento, em Itapuã.
A cervejaria opera na cidade desde 1998, e hoje é responsável por boa parte de toda a cerveja distribuída entre as regiões Sul e Sudeste. Já em Sapucaia do Sul, a Ambev produz a Pepsi e outros refrigerantes, com uma operação que iniciou em 1994.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a forma de garantir a qualidade no produto e o compromisso ambiental com a região foi uma combinação entre investimentos em alta tecnologia para o tratamento e redução da quantidade de água utilizada na produção e o desenvolvimento de técnicas de alta performance no tratamento, para o reuso da água na produção. O que sobra após o tratamento de efluentes dentro da indústria ainda é fornecido a agricultores da região para a irrigação de lavouras de arroz.
Essas medidas já garantiram no último ano o alcance em Viamão da meta traçada pela empresa para 2025. Em relação a 2002, houve redução de 55% no volume de água usada para a produção da cerveja. A média, para obter 1 litro de cerveja, foi reduzida de 5,36 litros de água para 2,4 litros. Segundo a Ambev, o índice já se tornou uma referência mundial.
E se o custo para tratar e economizar água na região pode ser maior, a empresa desenvolveu outras medidas de sustentabilidade na cervejaria Águas Claras, que garantem economia. Há o projeto desenvolvido pela startup gaúcha Luming Inteligência Energética, que gera energia elétrica para movimentar a fábrica a partir do biogás resultante da produção cervejeira. O projeto, que entrou em operação em 2019, evita a emissão de 482 toneladas de CO2 na atmosfera por ano, e é replicado nas demais unidades da Ambev.
Coca-Cola investe em maior tratamento da água
Na Zona Norte de Porto Alegre, dentro da bacia hidrográfica do Rio Gravataí, a FEMSA emprega direta e indiretamente 425 pessoas _ além de outros 900 no setor de logística relacionado a esta unidade _, e é a expoente do setor de produção de bebidas que garantiu, no ano passado, 27% de toda a arrecadação de ICMS industrial da Capital. A cada ano, 1,4 bilhão de caixas unitárias de cinco tipos de refrigerantes, entre eles a Coca-Cola, chás, sucos e energéticos, saem desta planta industrial para abastecer parte do Rio Grande do Sul e o oeste catarinense.
De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a unidade de Porto Alegre é justamente a que demanda maior custo de investimento no tratamento de água para atingir os padrões exigidos pela Coca-Cola mundialmente. A estação própria de tratamento acaba tendo que processar diversas etapas adicionais após a captação da água. As ações que requerem alto investimento incluem o uso de carvão ativado e filtros UV.
Por isso, a eficiência hídrica também passou a ter prioridade máxima na fábrica. Desde 2022, houve redução de quase 10% do volume de água utilizado para cada litro de bebida produzida em Porto Alegre, a partir de técnicas de reuso da água na produção. A projeção, para 2024, com prioridade à ultrafiltragem e substituição de equipamentos, é chegar a 15% de redução e, possivelmente, aumentar a capacidade produtiva da fábrica.