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Publicada em 21 de Julho de 2025 às 00:25

Industrialização da soja avança em Cachoeira do Sul

Cargill planeja investir R$ 160 milhões na sua planta na cidade

Cargill planeja investir R$ 160 milhões na sua planta na cidade

/Cargill/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Se em 2024 a industrialização da soja recolocou Cachoeira do Sul entre os principais municípios exportadores no Rio Grande do Sul, nos primeiros seis meses deste ano, houve a consolidação.
Se em 2024 a industrialização da soja recolocou Cachoeira do Sul entre os principais municípios exportadores no Rio Grande do Sul, nos primeiros seis meses deste ano, houve a consolidação.
O município é o 25º maior exportador gaúcho entre janeiro e junho, e os produtos obtidos a partir da extração do óleo de soja representam 76% dos negócios de empresas locais com o exterior.
Somente neste setor, foram negociados US$ 41,7 milhões nestes seis meses, um acréscimo de 12% em relação ao mesmo período de 2024.
E a perspectiva é de ainda maior fortalecimento na verticalização da produção de soja no principal município da microrregião do Jacuí Centro.
A Cargill planeja investir R$ 160 milhões na sua planta em Cachoeira do Sul nos próximos anos para automatizar processos no esmagamento e produção de biodiesel. A empresa já havia investido, entre 2023 e 2024, após a aquisição da antiga planta da Granol, outros R$ 85 milhões.
"Com esses aportes, somados à qualidade do trabalho dos nossos times, fornecedores e parceiros de negócio, a unidade seguirá avançando como um empreendimento estratégico para a Cargill, para o município e o Estado. A aquisição consolidou a empresa como um dos principais players do biodiesel do País, além de contribuir para a diversificação do portfólio de soluções oferecidas pela empresa, principalmente em produtos destinados às indústrias de cosméticos e farmacêutica", explica o gerente de operações da Cargill em Cachoeira do Sul, Guilherme Mocci.
A unidade tem capacidade instalada para processar diariamente 2 mil toneladas esmagadas de soja - 1,4 mil toneladas de farelo, 700 toneladas de biodiesel e 100 toneladas de glicerina biodestilada.
Conforme o gerente, o objetivo, com o novo plano de investimentos, é garantir a produção cada vez mais próxima à capacidade máxima da unidade. As negociações com o exterior, especialmente do biodiesel, concentram-se na Europa e Ásia.
Conforme a empresa, não há planos de expandir a produção em Cachoeira do Sul para o processamento de outros grãos. A aposta, reforça Mocci, é na expertise da produção local de soja. Ele está amparado nos números da safra. A macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico concentra três dos dez maiores municípios produtores do grão no Rio Grande do Sul.
Cachoeira do Sul, por exemplo, foi o quinto com maior área plantada em 2023, e o 13º em produtividade no mesmo ano.

Setor arrozeiro alerta para baixa nos preços e alto endividamento

Cotrisel, Mapa Econômico do RS 2025, Unidade Formigueiro

Cotrisel, Mapa Econômico do RS 2025, Unidade Formigueiro

/Cotrisel/Divulgação/JC
Sem perdas na área plantada em 2024, de acordo com o levantamento do Irga, Restinga Sêca, no Jacuí Centro, foi uma exceção em relação à produção de arroz na faixa central do Estado no pós-cheia. É do município - 22º maior produtor do grão no Rio Grande do Sul - que vem boa parte da produção que abastece a Cooperativa Tritícola Sepeense (Cotrisel), que, com as marcas Sepé e Tio Lautério, tem a liderança no mercado do interior do Sudeste, segundo o levantamento deste ano da Abras.
"Mesmo com os estragos provocados pela cheia em toda a região, a safra do arroz neste ano foi muito positiva em termos de quantidade e qualidade. O problema está no aviltamento de preços, que caiu quase à metade em relação ao último ano. No caso da nossa indústria, iniciamos o investimento na robotização da produção e, neste ano, só estamos finalizando este aporte e não temos como planejar nenhum outro investimento. A cooperativa está atenta a como solucionar o problema para os produtores", explica o presidente José Paulo Salerno.
É que, se a produção tem sido suficiente para dar retorno ao investimento em melhorias nos processos industriais, garantindo 4 milhões de fardos de arroz comercializados no último ano, volume que deve se repetir neste, na lavoura, os 6,5 mil produtores associados estão endividados. E isso gera muita preocupação futura à cooperativa.
"Trabalhamos com a produção de soja e de arroz. Nos dois últimos anos, houve perda de produção e de área na soja na nossa região. No arroz, houve aumento de produção, mesmo com perda de área, mas sem ganho nenhum. O preço do arroz está abaixo do custo da produção, e isso se reflete na impossibilidade de recuperar solos, por exemplo, perdidos com as cheias. O aviltamento do preço prejudica qualquer possibilidade de investir e o produtor se endivida. Teremos consequências ali na frente", lamenta Salerno.
Conforme o Irga, a perda de áreas de arroz pelas cheias na faixa central do Rio Grande do Sul chegou a 15,5%. Quando considerada somente a microrregião do Jacuí Centro, o mapa montado pelo governo do Estado aponta 70% de áreas de cultivo de arroz atingidas pela enxurrada.
Para que se tenha uma ideia, em todo o RS, o levantamento do Irga aponta apenas 4% de perdas. Foram 18,3 mil hectares perdidos na região. O maior volume fica em Cachoeira do Sul, onde está a 10ª maior produção do grão. Com uma área plantada de 24,3 mil hectares na safra 2023/24, houve perda de 18,3%. Em São Sepé, onde é sediada a Cotrisel, a perda foi de 4,7%.
Para Salerno, a necessidade de um plano de socorro aos produtores por parte do poder público é urgente. "A perda de solo vai ser recuperada somente em torno de 20 anos", calcula.

Produção de grãos nos municípios da faixa central do RS

Soja (área plantada)
 Tupanciretã: 147,9 mil hectares (2º do RS)
 Cachoeira do Sul: 107,07 mil hectares (5º do RS)
 Júlio de Castilhos: 104,2 mil hectares (6º do RS)
 Rio Pardo: 76,3 mil hectares (12º do RS)
 São Sepé: 73,4 mil hectares (15º do RS)
Soja (produção)
 Tupanciretã: 205,6 mil toneladas (4º do RS)
 Júlio de Castilhos: 179,5 mil toneladas (8º do RS)
 Cachoeira do Sul: 140,1 mil toneladas (13º do RS)
 Encruzilhada do Sul: 128,2 mil toneladas (18º do RS)
 Rio Pardo: 117,02 mil toneladas (21º do RS)
Trigo (área plantada)
 Tupanciretã: 25 mil hectares (10º do RS)
 Júlio de Castilhos: 9 mil hectares (42º do RS)
 Jari: 9 mil hectares (43º do RS)
 São Sepé: 7 mil hectares (62º do RS)
 Santiago: 7 mil hectares (3º do RS)
Aveia (área plantada)
 Tupanciretã: 9 mil hectares (6º do RS)
 Júlio de Castilhos: 8,1 mil hectares (8º do RS)
 Cachoeira do Sul: 6,3 mil hectares (11º do RS)
 Jari: 5 mil hectares (18º do RS)
 São Sepé: 4 mil hectares (24º do RS)
Canola
 A faixa central do Estado é a 3ª região produtiva da canola, com 22% da área produtiva
 Área plantada neste ano na região ultrapassa os 45 mil hectares, 55% superior à área em 2022
Arroz (área plantada)
 Cachoeira do Sul: 24,3 mil hectares, perda de 18,3% com a cheia (10º do RS)
 São Sepé: 14,7 mil hectares, perda de 4,7% com a cheia (19º do RS)
 Restinga Sêca: 12,3 mil hectares (22º do RS)
 Cacequi: 11,1 mil hectares , perda de 6,02% com a cheia (25º do RS)
 São Vicente do Sul: 9,1 mil hectares, perda de 1,2% com a cheia (27º do RS)
Arroz (produção)
 Cachoeira do Sul: 148,02 mil toneladas
 São Sepé: 104,1 mil toneladas
 Restinga Sêca: 89 mil toneladas
 São Vicente do Sul: 73,1 mil toneladas
 Cacequi: 67,7 mil toneladas
Fonte: Irga, 2023/24
 

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