"Este é o ano da retomada." É desta forma que o presidente do conselho da cooperativa Dália, Gilberto Piccinini define 2025, após dois anos com eventos de enchentes que atingiram em cheio a unidade industrial da cooperativa em Encantado, e boa parte da sua cadeia produtiva, especialmente no setor de suínos.
O momento do mercado, agora, é positivo, e a Dália surfa na onda de abertura de novos mercados ao produto suíno gaúcho. Nos primeiros seis meses deste ano, a cooperativa garantiu um aumento de 95% no volume de carnes suínas negociadas com o exterior, a partir da sua produção em Encantado, no Vale do Taquari.
"No ano passado, logo após a cheia, a abertura do mercado nas Filipinas foi uma tábua de salvação, com preços muito positivos. O setor inteiro ainda aguarda a abertura do mercado chinês para cortes com osso e miúdos, mas seguimos abrindo novas fronteiras", diz o dirigente.
Entre os novos mercados, estão, por exemplo, Chile e República Dominicana. Do total de US$ 11 milhões negociados com outros países, porém, mais de US$ 6 milhões foram com os compradores das Filipinas.
As regiões do Vale do Taquari e do Rio Pardo respondem por 30% da produção industrial gaúcha de suínos. Dados da Fundação de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) mostram que, entre janeiro e abril, foram 3,4 milhões de abates de suínos no Rio Grande do Sul nos primeiros quatro meses do ano. Uma alta de 3,67% em relação ao mesmo período do ano passado. Um movimento que já era observado no pós-cheia do ano passado.
A Dália conta com aproximadamente 400 produtores de suínos associados. A partir da sua indústria de rações, a cooperativa tem atuado para fornecer suprimentos aos criadores a custos reduzidos, como forma de recuperação da produção de proteína animal na região atingida pelas cheias de 2023 e 2024.
O objetivo, de acordo com Piccinini, é retomar a produção na capacidade disponível em seu parque industrial. Atualmente, aponta o presidente, a produção responde por cerca de 80% da capacidade da fábrica.
Cadeia da proteína animal na faixa central do RS
Criação de suínos
Teutônia: 9,1 mil suínos
Dois Lajeados: 6,7 mil suínos
Roca Sales: 6,2 mil suínos
Capitão: 5,8 mil suínos
Anta Gorda: 5,4 mil suínos
Frigoríficos suínos
Lajeado (BRF)
Encantado (Dália)
Arroio do Meio (JBS)
Santa Cruz do Sul (Excelsior)
Criação de aves
Westfália: 435 mil frangos
Fazenda Vilanova: 426 mil frangos
Taquari: 372 mil frangos
Teutônia: 280 mil frangos
Cruzeiro do Sul: 262 mil frangos
Frigoríficos avícolas
Lajeado: BRF e Minuano
Arroio do Meio: Dália
Westfália: Languiru e JBS
Santa Cruz do Sul: Panke
Rio Pardo: Bom Frango
Municípios com maiores rebanho de bovinos de corte
Santiago: 181,5 mil cabeças
São Francisco de Assis:
170,8 mil cabeças
170,8 mil cabeças
Cachoeira do Sul:
132,2 mil cabeças
132,2 mil cabeças
Cacequi: 118,4 mil cabeças
São Sepé: 103,9 mil cabeças
Frigoríficos bovinos
Bom Retiro do Sul (Coopsul)
Santa Maria (Frigorífico Silva)
Júlio de Castilhos (Castilhos)
Venâncio Aires (Boi Gaúcho)
Teutônia (Frigoval)
Pantano Grande (Comesul Beef)
Fonte: IBGE 2023, Abrafrigo
Após gripe aviária, setor avícola é reforçado na região
Languiru espera chegar à capacidade de 150 mil aves abatidas por dia
/Languiru/Divulgação/JCA partir do Vale do Taquari, a cooperativa Languiru, em pleno movimento de recuperação, acompanhou e monitorou atentamente a crise provocada no setor de frangos pela gripe aviária. Passada a apreensão, com a reabertura de mercados, a expectativa é chegar, em agosto, à capacidade plena de 150 mil aves abatidas diariamente na planta industrial de Westfália.
A produção aviária é a mais representativa do modelo de parcerias estabelecido na recuperação da cooperativa. Neste caso, com a JBS. Do total de 150 mil aves pesadas - com cortes em torno de 3 quilos -, 40 mil são destinadas à produção própria da Languiru. O restante, vai ao mercado pela multinacional.
"Hoje, o associado está voltando, retomando a confiança na Languiru. E isso foi essencial para levarmos adiante o plano de aumento de aves abatidas pela cooperativa. Houve aumento de quase 80% na demanda por frangos. Tem sido um ano muito bom para nós", valoriza o presidente da Languiru, Paulo Birck.
É que, a partir de março deste ano, a JBS migrou a sua produção em Westfália para as chamadas aves pesadas, que já eram operadas pela Languiru. Até então, na mesma indústria, eram processadas as pesadas para a cooperativa e as leves, em torno de 1,4 quilos, para a JBS. "A mudança abriu caminho para um investimento importante em maquinários, que deve estar pronto em agosto, e na geração de empregos", diz o superintendente Gustavo Marques.
Desde o ano passado, 190 pessoas foram contratadas para a planta de Westfália, e nos próximos meses, até 150 devem ainda ser contratadas. Atualmente, a cooperativa que, antes da recuperação judicial, chegou a ter três mil funcionários, tem 1,1 mil trabalhadores.
Indústria de rações ganha fôlego
Os estragos deixado pela cheia no Porto de Estrela atingiram a capacidade de armazenamento de grãos, com as destruições de estruturas da Camera e Nutritec. E aí, o plano de recuperação da Languiru foi fundamental também como solução logística. Com a retomada da indústria de rações, às margens da BR-386, em Estrela, os silos secadores serviram de socorro aos produtores. O reforço na produção aviária tem vitaminado também o plano de crescimento da cooperativa no ramo das rações.