No início de 2024, o Vale do Taquari já acompanhava ansioso o anúncio do projeto da Certel para a construção da Hidrelétrica Bom Retiro. Entretanto, as enchentes que assolaram a região em maio daquele ano obrigaram a empresa a realizar uma readequação da proposta que gerará 35 megawatts de energia elétrica para beneficiar 100 mil pessoas. A estrutura será instalada no Rio Taquari entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Bom Retiro do Sul.
Agora, a previsão é de que as obras iniciem em setembro de 2025, com conclusão prevista entre três e quatro anos depois, conforme afirma o presidente da Certel, Erineo José Hennemann. Os investimentos, por sua vez, deverão crescer. Assim, os R$ 250 milhões anunciados inicialmente em 2024 se converteram em uma estimativa de R$ 500 milhões.
Do montante, cerca de 30% deverá ser custeado por recursos próprios. O valor restante, a Certel espera financiar, sendo a possibilidade mais concreta a de que o acordo possa ser realizado com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A definição, entretanto, dependerá do resultado do próximo leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Estamos aguardando com ansiedade esse leilão, para que possa nos dar condições para que esse investimento seja autossustentável, consiga se pagar, e para conseguirmos iniciar as obras com tranquilidade. Uma obra dessas tem uma vida útil de mais de 150 anos, então gostaríamos de ter um prazo de financiamento maior. Hoje, está na faixa de oito anos”, avalia Hennemann.
A questão também leva em consideração a relevância da produção de energia a partir da água, conforme avalia o presidente: “Temos juros altos e prazos reduzidos para execução de obras que vão dar sustentabilidade, principalmente quando se fala em geração de energia hídrica, que é uma energia de base e que sustenta a falta das gerações de energias intermitentes, como as eólicas quando falta vendo ou as solares quando não tem sol. Por isso, temos que ter um olhar diferenciado para as hidrelétricas, buscando mudanças, talvez, tanto no financiamento quanto no prazo”, acrescenta.
O tema, aliás, também esteve presente durante a realização do evento do Mapa Econômico do RS 2025 realizado em Lajeado no dia 10 de junho. Na ocasião, o superintendente da Certel, Ilvo Poersch, reiterou a intenção da empresa em colocar em execução o projeto da hidrelétrica, colocando a ampliação das redes de transmissão e da distribuição de energia como prioridade para garantir o abastecimento e permitir o crescimento industrial.
A empresa, ainda, possui um projeto de energia eólica em Teutônia, na mesma região, e que avançou nos estudos de medições de ventos na área. Apesar disso, Hennemann considera que ainda será necessário aguardar mais tempo para a sua execução. O mesmo ocorre com iniciativas voltadas à produção de energia solar.
O motivo, explica, é a quantidade de aportes que estão sendo realizados no momento e a necessidade de segurança financeira para pagar os financiamentos contratados. “São projetos viáveis que, havendo alguma alteração no cenário econômico, poderão colocar à disposição dos usuários uma energia de qualidade”, conclui.