* De Lajeado
O Brasil é, há cerca de três décadas, o principal exportador de tabaco do mundo, dedicando em torno de 90% da sua produção ao mercado externo. E esse protagonismo apenas pôde ser alcançado com a contribuição do Rio Grande do Sul, conforme apontou o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Valmor Thesing, durante o evento do Mapa Econômico do RS realizado pelo Jornal do Comércio, em Lajeado, na quinta-feira, 10 de julho.
"Temos, nos três estados da Região Sul, 138 mil produtores integrados, com, em média, três pessoas em cada família. É uma economia familiar. E isso gera uma renda de R$ 14 bilhões, segundo os números de 2024. A renda obtida é 117% maior do que a média de renda do brasileiro. Só no Rio Grande do Sul, que responde por 50% dessa produção, são 65 mil produtores integrados", informou Thesing.
Para o líder do Sinditabaco, a produção fumageira contribui não apenas para o produtor, mas, também, para a própria resiliência climática. "O setor tem um programa de reflorestamento que nasceu na década de 1970. Hoje, os produtores são, na sua maioria, autossuficientes (na produção de madeira). A cobertura vegetal média dos produtores de tabaco é de 27% do solo, enquanto no Estado a média é 15%", destacou.
Falando em novas oportunidades, o presidente da entidade ressaltou o potencial de expansão da exportação no Estado. Entretanto, considerou ser necessário discutir uma regulamentação de novos produtos que utilizam o tabaco como fonte, incluindo os cigarros eletrônicos e a nicotina líquida, o que, defende, poderia ampliar as receitas obtidas pela indústria fumageira.
Por outro lado, Thesing nota como desafio para o setor os problemas de infraestrutura logística. Principalmente, considerando impasses trazidos pela dependência do Porto de Rio Grande para a movimentação dos contêineres devido ao alto volume de tabaco exportado pelo Estado. Além disso, criticou as situações das rodovias utilizadas para o transporte de cargas e a falta de celeridade nas obras de duplicação e melhorias.
"São 25 mil contêineres de tabaco por ano. Isso significa que a cada dia tem que sair 100 caminhões da Região do Vale do Rio Pardo. Só temos um porto no Estado. E, seguidamente, por questões climáticas, os contêineres ficam parados. E aí temos que carregar eles e levar para os portos de Santa Catarina. Isso é um custo operacional alto", refletiu. A expectativa do líder do Sinditabaco é de que os imbróglios para a criação de um novo porto possam ser solucionados em breve.
Outro impasse citado por Thelsing é a falta de formação para a juventude no campo. Citando um programa desenvolvido pelo Sinditabaco que utiliza uma metodologia de ensino voltada ao meio rural, ele destacou a necessidade de desenvolver cursos profissionalizantes.
"Vemos isso com muito orgulho, porque estamos formando as futuras lideranças do meio rural. O problema do trabalho infantil nós resolvemos. E estamos buscando o futuro pelo auxílio na formação desses jovens para que, independente do que eles seguirem, estejam preparados profissionalmente para poder tocar o meio rural", celebrou.