* De Lajeado
O Rio Grande do Sul está perdendo seu protagonismo na produção de leite. É essa a percepção do presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Dália Alimentos, Gilberto Piccinini, que foi um dos painelistas do evento do Mapa Econômico do RS, realizado pelo Jornal do Comércio em Lajeado na quinta-feira, 10 de julho. A solução, propõe o executivo, poderia ser obtida pela criação de programas estruturantes para a agropecuária gaúcha.
O Vale do Taquari é uma das principais regiões de produção de leite no Estado. E, além dos laticínios, se destaca em outras atividades do campo, como a suinocultura. Para que o Estado se mantenha competitivo, Piccinini acredita que esses programas governamentais estruturantes precisam pensar em toda a cadeia produtiva — da produção ao transporte.
"Nós precisamos estruturar essa cadeia leiteira. O Rio Grande do Sul perdeu, em nove anos, 60,7% dos produtores de leite do Estado. Isso representa uma fatia importante da economia. A atividade de leite é a atividade que mais emprega e gera um recurso que movimenta a maior parte dos municípios", reflete o executivo da Dália Alimentos.
Por um lado, ele defende que sejam realizados investimentos estatais em infraestrutura logística, um gargalo de toda a macrorregião Central identificado por grande parte dos participantes do evento e por todos os painelistas. Por outro, propõe investimentos na formação dos jovens no campo e em estratégias para mantê-los no meio rural.
"Nós queremos mostrar para o governo, porque ele precisa enxergar que é mais gente no campo desenvolvendo os municípios do Interior, fazendo com que não se concentre nos grandes centros e que passe a girar a economia", destacou Piccinini.
Ele ainda observou diversas oportunidades de crescimento no Vale do Taquari, ligadas, principalmente, à agropecuária. Assim, citando a catástrofe climática gerada pelas enchentes de 2023 e 2024, o empresário ressaltou a capacidade de superação do povo gaúcho e de se readaptar diante dos novos desafios.
"Hoje, um ano depois, o mercado mudou completamente. Perdemos milhões, após a crise da proteína e da enchente. Mas a gente enfrentou. Somos muito fortes aqui no Vale do Taquari e no Vale do Rio Pardo pelo associativismo. As associações comerciais têm uma presença muito forte e convergem com os interesses das cooperativas. E, quando você tem cooperativas, o índice de desenvolvimento humano é muito maior", analisa.
Nesse cenário, destacou os novos mercados que puderam ser conquistados pela agropecuária nos últimos anos. "Hoje, falo em nome da Dália Alimentos, estamos exportando para países novos. A Filipinas veio no meio da enchente e é o segundo maior volume de compra de cortes suínos, depois da China, com preços fantásticos, o que nos fez voltar com muita força", pontuou.