Porto Alegre,

Publicada em 01 de Agosto de 2025 às 16:28

Vendas de imóveis novos crescem 32,8% em Gramado e Canela no 1º semestre de 2025

Cidades da Serra Gaúcha registraram queda nos lançamentos, mas vendas tiveram aquecimento em 2025

Cidades da Serra Gaúcha registraram queda nos lançamentos, mas vendas tiveram aquecimento em 2025

Lucas Dias/Divulgação/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
O mercado imobiliário de Gramado e Canela tem mostrado sinais claros de recuperação no primeiro semestre de 2025, mesmo com o cenário nacional ainda marcado pela cautela nos lançamentos. Um levantamento contratado pela entidade Planta, que reúne empresas do setor em Gramado, revelou que o volume de vendas de imóveis novos nas duas cidades cresceu 32,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o setor foi fortemente impactado pelas chuvas e pelas consequências da tragédia climática vivida no RS.
O mercado imobiliário de Gramado e Canela tem mostrado sinais claros de recuperação no primeiro semestre de 2025, mesmo com o cenário nacional ainda marcado pela cautela nos lançamentos. Um levantamento contratado pela entidade Planta, que reúne empresas do setor em Gramado, revelou que o volume de vendas de imóveis novos nas duas cidades cresceu 32,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando o setor foi fortemente impactado pelas chuvas e pelas consequências da tragédia climática vivida no RS.
De acordo com os dados, entre julho de 2024 e junho de 2025, foram registradas 650 unidades vendidas em Gramado, enquanto os lançamentos somaram apenas 24 empreendimentos  ao longo do período. “O incorporador deu um tempo para o mercado respirar, após um ano em que o turismo parou, o aeroporto fechou e a região metropolitana, que abastece o mercado de segunda moradia aqui, estava literalmente debaixo d’água”, afirma Bernardo Tomazelli, presidente da Planta.
A estratégia de “esperar o mercado se acomodar” parece ter surtido efeito. Com menos empreendimentos sendo lançados e a demanda aquecida, os estoques começaram a ser consumidos, gerando também uma valorização dos imóveis. O preço médio do metro quadrado em Gramado alcançou R$ 19.946,00, uma alta de cerca de R$ 1.900,00 em 12 meses. Em Canela, a média subiu para R$ 14.120,00 no mesmo intervalo.
Pedro Bronstrup, vice-presidente do Sinduscon-RS, avalia que “as prefeituras da região também contribuem para a oferta controlada ao manterem limitações em seus planos diretores, o que acaba favorecendo a estabilidade do mercado”. Gramado, por exemplo, limita empreendimentos a no máximo 150 unidades, o que evita uma superoferta, na visão do dirigente.
A alta das vendas, somada à retração nos lançamentos, fez de junho de 2025 o mês com maior volume de unidades comercializadas nas duas cidades, reforçando a força da recuperação. As tipologias preferidas continuam sendo as de dois dormitórios, que respondem por 63% das unidades vendidas e por 44% dos lançamentos, segundo o estudo. O segmento se mostra especialmente atrativo para famílias em busca de lazer ou investidores interessados na locação de temporada. “O imóvel de dois dormitórios tem sido o produto dominante porque atende bem à família e também é versátil para quem quer obter renda passiva”, explica Bronstrup.
O padrão médio domina, com tíquete entre R$ 750 mil e R$ 1,5 milhão. Contudo, há uma tendência crescente de lançamentos de unidades mais compactas, com um dormitório. Esse movimento, segundo Tomazelli, busca atender novos perfis de compradores, especialmente jovens e trabalhadores que migram para a região.
Embora os preços sigam em ascensão e o setor de construção civil sinalize retomada dos lançamentos, as prefeituras também vêm adotando medidas de contenção. Em Gramado, foi anunciada no final de junho uma pausa temporária na liberação de alvarás para hotéis e restaurantes em algumas áreas. A justificativa, segundo representantes do setor, é a necessidade de organizar e planejar melhor a infraestrutura urbana.
“A experiência turística é o que impulsiona boa parte do mercado local. Se o visitante tiver uma experiência ruim, com trânsito travado, falta d’água ou esgoto a céu aberto, isso impacta o mercado como um todo”, afirma Tomazelli. “A moratória é uma oportunidade para repensar esse crescimento com sustentabilidade.”
Bronstrup se alinha à ideia, pontuando que “todo empreendimento de grande porte precisa apresentar Estudo de Impacto de Vizinhança. Nossa sugestão é que as contrapartidas exigidas nesses estudos sejam claras e destinadas especificamente a melhorias de infraestrutura, como estações de tratamento de esgoto, novas vias ou adutoras de água.” A visão do setor é de que o crescimento continue, mas com equilíbrio. “O mercado quer crescer, mas com sustentabilidade. Se for preciso pausar para reavaliar, a gente apoia”, resume Tomazelli.
Outra particularidade do mercado imobiliário em Gramado é a ausência de empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida – uma característica que diferencia a região de outros polos do país. “Isso limita o acesso à habitação popular. Mas, com a ampliação do programa para a Faixa 4, com teto de até R$ 500 mil, pode ser que surja uma nova oportunidade nesse segmento aqui também”, avalia Tomazelli.

Entidades defendem projeto da Nova Centralidade Norte para resolver saturação imobiliária

Em Gramado, prefeitura estuda a criação da Nova Centralidade Norte

Em Gramado, prefeitura estuda a criação da Nova Centralidade Norte

PREFEITURA DE GRAMADO/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Com zonas centrais e bairros tradicionais cada vez mais valorizados e saturados, uma das principais alternativas discutidas para Gramado é a concretização da Nova Centralidade Norte, na região do Mato Queimado. A proposta consta no Plano Diretor aprovado em 2022 e visa a uma ocupação para o médio e longo prazo.
A área escolhida abrange cerca de 800 hectares e deverá receber um conjunto de investimentos estruturais, com novos loteamentos abertos, redes de infraestrutura básica e equipamentos urbanos. O projeto também prevê a instalação de grandes empreendimentos, como o resort Club Med, que funcionará como âncora da nova ocupação planejada. A prefeitura já vem realizando discussões com a comunidade para discutir aspectos do projeto de lei que regulamentará a iniciativa.
“A ideia é criar um novo centro de Gramado, descentralizando a prestação de serviços e reduzindo a pressão sobre o Centro atual, onde estão concentrados o hospital, a prefeitura e os principais atrativos turísticos”, explica Pedro Bronstrup, vice-presidente do Sinduscon-RS.
Para que a proposta saia do papel, no entanto, será necessário avançar em obras de infraestrutura. “É preciso levar água, esgoto, energia e vias de acesso até lá. Não é algo simples, mas é um passo essencial para garantir mobilidade urbana e qualidade de vida”, afirma.
O movimento busca também preservar a convivência entre o turismo e os moradores locais. “A criação de uma nova centralidade ajuda a equilibrar o uso da cidade. O centro turístico continua recebendo os visitantes, mas os serviços municipais podem ser reorganizados em outras áreas”, defende Bronstrup.
A expansão, porém, exige diálogo entre setor público e privado. “O plano já foi aprovado, mas a implementação depende de planejamento conjunto. Estamos trabalhando para ajudar a prefeitura a colocar isso em prática”, completa o dirigente.
Além da nova centralidade, outras áreas periféricas de Gramado também têm sido vistas com interesse pelo setor imobiliário. Regiões como Várzea Grande, Avenida Central e Floresta vêm atraindo empreendimentos por oferecerem terrenos ainda viáveis e com valores abaixo dos bairros mais centrais, como Bavária, Centro e Planalto.
O setor de construção civil defende que, com o reordenamento urbano, o município conseguirá manter sua atratividade econômica e turística, sem abrir mão da qualidade de vida dos moradores. “É um esforço para que Gramado continue crescendo com equilíbrio”, opina Bronstrup.

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