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Publicada em 23 de Julho de 2025 às 17:17

UPF instalará usina-escola de amônia verde em Passo Fundo

A estrutura será implantada junto ao campus da universidade, com previsão de início das obras em 2026

A estrutura será implantada junto ao campus da universidade, com previsão de início das obras em 2026

/UPF/Divulgação/Cidades
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
A Universidade de Passo Fundo (UPF), em parceria com a empresa BeGreen e a Prefeitura Municipal, formalizou o início do processo para instalação da primeira usina-escola de amônia verde do Brasil. A estrutura será implantada junto ao Campus I da instituição, com previsão de início das obras no primeiro semestre de 2026. O investimento estimado na operação é de R$ 50 milhões.
A Universidade de Passo Fundo (UPF), em parceria com a empresa BeGreen e a Prefeitura Municipal, formalizou o início do processo para instalação da primeira usina-escola de amônia verde do Brasil. A estrutura será implantada junto ao Campus I da instituição, com previsão de início das obras no primeiro semestre de 2026. O investimento estimado na operação é de R$ 50 milhões.
A iniciativa será viabilizada em formato de hub, com participação de outras empresas do setor energético, como Migratio Bioenergia, Phama Energias Renováveis e Torao Participações. O projeto prevê uma capacidade anual de produção de 2 mil toneladas de amônia anidra e 6,6 mil toneladas de amônia em solução, que deverão abastecer principalmente produtores agrícolas da região Norte do Estado.
Segundo o coordenador do curso de Agronomia da UPF e diretor-técnico do TecnoAgro, Mateus Bortoluzzi, a proposta é resultado de cerca de três anos de planejamento e articulações entre universidade, poder público e iniciativa privada. A BeGreen, responsável pela operação da usina, é uma das associadas ao TecnoAgro, associação sediada na UPF que reúne representantes da sociedade civil, empresas, instituições de ensino e órgãos públicos.
A estimativa é de que o início das operações aconteça em até um ano e meio. A expectativa, segundo Bortoluzzi, é de que o projeto funcione como referência nacional na produção de amônia verde com fins educacionais, produtivos e científicos.
A usina utilizará energia hidrelétrica para promover a quebra da molécula de água, separando hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio obtido será combinado ao nitrogênio atmosférico para formar amônia, que poderá ser utilizada como fertilizante na agricultura ou em outras aplicações. “Essa amônia pode substituir a ureia na adubação de culturas como trigo e milho, reduzindo a pegada de carbono na produção de alimentos”, explica.
Além da finalidade produtiva, a estrutura será usada como plataforma de ensino e pesquisa. A ideia de usina-escola, esclarece Bortoluzzi, é de que o local abra espaço para projetos acadêmicos e formação técnica em diversas áreas do conhecimento. “Vai ser um polo para aulas práticas e visitas desde o ensino fundamental até a pós-graduação”, afirma, salientando que a iniciativa faz parte de “uma cadeia de inovação que é algo novo no interior do Estado e abre possibilidades tanto para o desenvolvimento regional quanto para a descarbonização da agricultura”, avalia.
Entre as linhas de pesquisa em desenvolvimento, uma delas busca avaliar o uso da amônia como agente para desativação de micotoxinas presentes em grãos contaminados, como no caso da giberela em cereais de inverno. Outro foco é o estudo da fertirrigação, ou seja, o uso da amônia líquida diluída em água para aplicação via sistemas de irrigação. “Essas pesquisas permitem reduzir a dependência de fertilizantes tradicionais, diminuindo custos para o produtor e abrindo espaço para soluções mais sustentáveis”, acrescenta.
A usina deverá operar majoritariamente com a produção de amônia em solução, destinada à comercialização. A expectativa é de que a atividade movimente até R$ 40 milhões por ano em receita. A UPF utilizará uma parcela da produção em seus experimentos, enquanto o excedente será vendido ao mercado. A comercialização e distribuição ficarão sob responsabilidade da BeGreen, com possibilidade de uso da amônia também em processos industriais e médicos, dependendo da purificação do oxigênio gerado.
O projeto prevê impacto direto na formação de mão de obra qualificada e no fomento à inovação em diferentes áreas além da agronomia, reforça o coordenador, com a inclusão de cursos como engenharia da produção, tecnologia de alimentos, administração, medicina e ciências exatas. “São diversas áreas de conhecimento. Desde a engenharia civil para a montagem, até o uso do oxigênio medicinal. Então, é um projeto transversal”, destaca Bortoluzzi.

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