Porto Alegre,

Publicada em 16 de Julho de 2025 às 12:52

Passo Fundo defende a construção de um porto seco

Passo Fundo possui mais de 8 mil empresas ativas e 40 mil CNPJs registrados, com destaque para a diversidade industrial.

Passo Fundo possui mais de 8 mil empresas ativas e 40 mil CNPJs registrados, com destaque para a diversidade industrial.

Ana Stobbe/Especial/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
Um PIB de crescimento médio anual de 7,75% desde 2012 e que chegou a R$ 12,5 bilhões em 2021, segundo o Departamento de Economia e Estatística (DEE) do RS, é um dos pontos fortes para que o município de Passo Fundo conquiste uma demanda do empresariado da região Norte do RS desde pelo menos 2018: a instalação de uma Estação Aduaneira Interior (Eadi), a exemplo das existentes em Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Canoas.
Um PIB de crescimento médio anual de 7,75% desde 2012 e que chegou a R$ 12,5 bilhões em 2021, segundo o Departamento de Economia e Estatística (DEE) do RS, é um dos pontos fortes para que o município de Passo Fundo conquiste uma demanda do empresariado da região Norte do RS desde pelo menos 2018: a instalação de uma Estação Aduaneira Interior (Eadi), a exemplo das existentes em Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Canoas.
A demanda foi tratada em junho na sede da Receita Federal em Porto Alegre pelo prefeito Pedro Almeida (PSD) e o secretário de Desenvolvimento Econômico Adolfo de Freitas, quando foram solicitados estudos relativos ao tema.
Segundo o secretário, a proposta vem sendo amadurecida há anos e passou por diferentes etapas até chegar à atual fase de avaliação técnica por parte da Receita. "Já tratamos desse assunto em outras gestões. Agora retomamos com uma nova estrutura econômica na cidade, com índices de exportação significativos, novas plataformas logísticas e investimentos privados de grande porte", afirma.
De acordo com ele, a solicitação foi formalizada por meio de requerimento com a documentação necessária entregue à Receita Federal. A expectativa é de que a análise técnica aponte a viabilidade da instalação da unidade em Passo Fundo, atendendo tanto à cidade quanto a outros municípios da região Norte do Estado. "Existe otimismo. A Receita nos informou que os critérios para autorização são técnicos e serão baseados na real demanda de movimentação de carga", explicou.
A demanda também é vista com simpatia por entidades do setor de logística, como a Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul). "Seria uma grande oportunidade para o Estado ter uma aduana de interior, no Centro do Estado, coisa que falta hoje", comentou Francisco Cardoso, presidente da entidade, em declaração ao Cidades.
Segundo dados da prefeitura, Passo Fundo possui mais de 8 mil empresas ativas e 40 mil CNPJs registrados, com destaque para a diversidade industrial. Os principais segmentos são o metalmecânico, biocombustíveis, têxtil, construção civil, alimentos e cosméticos.
Nesse sentido, um dos projetos de maior impacto econômico em andamento é a construção da nova unidade da empresa Be8, a partir de um investimento de R$ 1,9 bilhão na instalação de uma planta industrial destinada à produção de etanol a partir de cereais como trigo, triticale e milho. A fábrica terá capacidade para produzir até 220 milhões de litros de etanol por ano e ainda gerará 155 mil toneladas de farelo e 35 mil toneladas de glúten vital anualmente. A previsão para a finalização da obra é outubro ou novembro de 2026.

Be8 construirá fábrica a partir do processamento de cereais em Passo Fundo | Be8/Divulgação/JC
Be8 construirá fábrica a partir do processamento de cereais em Passo Fundo Be8/Divulgação/JC
Segundo Freitas, esse dinamismo econômico, somado à posição estratégica do município no entroncamento rodoviário da região Norte do Estado, contribui para o fortalecimento da proposta do porto seco.
Outro diferencial logístico salientado pelo secretário é a localização de Passo Fundo na Rota Bioceânica de Capricórnio, um corredor internacional de transporte que liga o Brasil aos portos do norte do Chile, no Oceano Pacífico, passando por Paraguai e Argentina. Essa conexão reforça o potencial do município como hub logístico e industrial para mercados nacionais e internacionais e deve entrar em operação em meados de 2026, segundo anúncio feito em abril pela ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet (MDB).
Um porto seco é um espaço alfandegado localizado fora das zonas portuárias que permite a realização de operações de comércio exterior, como despacho aduaneiro de exportação e importação, armazenamento e distribuição de cargas. A instalação em Passo Fundo, segundo o secretário de Desenvolvimento, atenderia empresas da cidade e de outros municípios do Norte do RS, que atualmente utilizam estruturas localizadas em cidades mais distantes, como São Borja ou Canoas.
Ainda que não haja uma estimativa oficial de arrecadação gerada com a instalação do porto seco, a administração municipal considera o potencial de ganhos indiretos por meio da ampliação da atividade econômica, atração de novos empreendimentos, aumento na arrecadação de impostos e geração de empregos.
A possibilidade mais concreta de local para a instalação do empreendimento é a área da Plataforma Logística de Passo Fundo, localizada nas imediações da BR-285. Segundo a Prefeitura, essa localização favorece o acesso rodoviário e já conta com estudos preliminares para a implantação da estrutura. No entanto, a definição do terreno ainda não é considerada prioridade nesta etapa do processo, que está concentrado na análise da viabilidade técnica.
A próxima fase, caso a Receita Federal sinalize positivamente, será a mobilização de empresas interessadas em utilizar o porto seco para formalizar a demanda. "Queremos uma prospecção ativa. Após a liberação, será necessário abrir o processo licitatório e, para isso, precisamos de empresas que demonstrem real interesse em operar no local", diz Freitas.
Empresas como a JBS, Cummins e outras ligadas ao agronegócio e à indústria pesada compõem o perfil da região, reforçando o potencial do porto seco em atender a uma ampla gama de setores produtivos. Para a administração municipal, a criação da estrutura pode contribuir para descentralizar os serviços de despacho aduaneiro no Estado e ampliar a competitividade das empresas do interior gaúcho.

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