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Publicada em 22 de Junho de 2025 às 10:22

Uma das mais antigas do Brasil, Estação Agroclimatológica de Pelotas completa 137 anos

Estrutura funciona sem interrupção desde 1888 e é referência nacional na coleta de dados meteorológicos, além de auxiliar na formação acadêmica

Estrutura funciona sem interrupção desde 1888 e é referência nacional na coleta de dados meteorológicos, além de auxiliar na formação acadêmica

Amanda Kuhn/Especial/JC
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Amanda Kuhn
De Capão do Leão, especial para o JC
De Capão do Leão, especial para o JC
Completando 137 anos de funcionamento ininterrupto em 2025, a Estação Agroclimatológica de Pelotas (EAPel) é uma das mais antigas do Brasil e uma das poucas em atividade contínua há mais de um século. Criada em 1º de maio de 1888, a estação é responsável pela coleta diária de dados meteorológicos fundamentais para previsão do tempo, estudos acadêmicos e decisões produtivas no campo.
Atualmente localizada no município de Capão do Leão, no campus da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a EAPel é fruto de uma parceria entre Embrapa Clima Temperado, UFPel e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
 
Desde seu início, as leituras são feitas três vezes ao dia — às 9h, 15h e 21h — por observadores meteorológicos capacitados. Segundo Edgar Ricardo Schöffe, professor da UFPel e coordenador da EAPel, o registro contínuo faz da estação uma das poucas no país com uma série histórica tão extensa e confiável. “Quem sabe seja a única em atividade com uma série tão longa de dados”, afirma.
A mudança para o campus Capão do Leão ocorreu em 1952, quando a então Escola de Agronomia Eliseu Maciel, que realizava as observações em Pelotas, passou a atuar no novo endereço. Desde 1985, a EAPel opera oficialmente por meio de um convênio entre Embrapa, UFPel e Inmet. Em 2019, uma Estação Meteorológica Automática (EMA) foi incorporada ao complexo, reforçando a capacidade de coleta e integração de dados com o sistema nacional.
Os dados coletados pela EAPel seguem protocolos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e incluem uma ampla gama de variáveis meteorológicas. São medidos temperatura do ar (máxima, mínima e média), temperatura do solo em diversas profundidades — de 2 centímetros a 1 metro —, pressão atmosférica, precipitação, velocidade e direção do vento, evaporação de tanque classe A e condições visuais do tempo. As medições são realizadas com instrumentos tradicionais como termômetros, anemômetros, radiômetros, geotermômetros e psicrômetros.
Diferente das estações de previsão, a EAPel não faz projeções climáticas. Seu trabalho consiste em registrar as condições que efetivamente ocorreram, servindo como base científica para a formulação de boletins e previsões. “Essas informações são imprescindíveis para a previsão do tempo”, reforça Schöffe.
Além da coleta de dados, a estação é auxiliar na formação acadêmica e na produção científica. Serve como laboratório prático para cursos da UFPel e como base de dados para pesquisas da Embrapa, especialmente nas áreas de agricultura, pecuária e pastagens. As séries históricas são consideradas indispensáveis para avaliar a influência das condições meteorológicas em experimentos de campo e são amplamente utilizadas em programas de pós-graduação da UFPel.
Estudos sobre mudanças climáticas também se beneficiam da continuidade da série de dados da estação. A longevidade do monitoramento permite análises comparativas entre décadas e a identificação de tendências de aquecimento, variação de chuvas e outros fenômenos climáticos.
Os dados coletados diariamente pela EAPel são disponibilizados ao público nos sites da própria estação e do Inmet. Esses dados subsidiam o trabalho de órgãos públicos, empresas do setor agropecuário, defesa civil, construção civil, seguradoras, judiciário, além da imprensa regional. Diariamente, o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da UFPel (CPPMET) utiliza essas informações para produzir os boletins divulgados em rádios, jornais e redes sociais.
A EAPel também mantém um canal de aproximação com a comunidade. Visitas técnicas e atividades educativas recebem estudantes de todas as idades, desde o ensino fundamental até a graduação. As visitações são gratuitas e têm o objetivo de aproximar a população dos temas climáticos e ambientais. Os visitantes podem observar os equipamentos, entender como funcionam os instrumentos e compreender a importância das medições para o cotidiano.

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