Um trabalhador de 64 anos foi resgatado de condições análogas à escravidão em uma ação da Fiscalização do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT). A operação ocorreu em Pelotas nos dias 11 e 12 de junho em um ponto de venda de lenha localizado na área urbana do município.
Natural da própria cidade, o trabalhador vivia e atuava no local em situação extremamente degradante. Ele residia em um contêiner metálico, originalmente utilizado como depósito de materiais de construção, sem qualquer adaptação para moradia. O espaço era compartilhado com cimento, treliças de ferro e uma betoneira, e não havia banheiro, cama adequada ou estrutura mínima de conforto e higiene.
A alimentação e demais itens básicos de sobrevivência não eram fornecidos pelo empregador, e o trabalhador não tinha registro em carteira, nem recebia salário fixo. Seus ganhos se limitavam a cerca de R$ 300,00 mensais provenientes das vendas de lenha – e, em períodos de baixa procura, como no verão, sua única renda vinha do benefício do Bolsa Família.
A fiscalização também encontrou dois contêineres no local: um para o armazenamento da lenha e outro usado como alojamento. Diante das condições degradantes constatadas, que caracterizam trabalho análogo à escravidão, o trabalhador foi imediatamente resgatado.
O empregador foi notificado a providenciar hospedagem adequada e a quitar as verbas salariais e rescisórias. Com a mediação do MPT, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), garantindo o pagamento integral dos valores devidos, além de uma indenização por danos morais.
Como previsto em lei para vítimas de trabalho em condições análogas à escravidão, o trabalhador terá acesso a três parcelas do Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado, assistência que visa proporcionar proteção social e reintegração digna à sociedade. A ação reforça o compromisso das autoridades trabalhistas no combate ao trabalho escravo contemporâneo e à violação de direitos humanos fundamentais.