De Pelotas, especial para o JC
A cidade de Pelotas abriga, até o dia 27 de junho, uma exposição que retrata um capítulo sensível da história recente do país: a reconstrução de parte do patrimônio cultural brasileiro danificado durante os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
A mostra “8 de Janeiro: Restauração e Democracia”, em cartaz no saguão da Prefeitura de Pelotas, apresenta o trabalho desenvolvido por professores, técnicos e estudantes do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), responsáveis pela recuperação de 20 obras do acervo do Palácio do Planalto.
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A iniciativa é resultado de uma mobilização da comunidade acadêmica da Ufpel, que, diante dos ataques aos prédios públicos em Brasília, ofereceu apoio técnico ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e aos três Poderes da República. Em agosto de 2023, a universidade foi oficialmente convidada a assumir parte do trabalho de restauração.
A equipe do Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura (Lacorpi) instalou um posto avançado dentro do Palácio da Alvorada, onde desenvolveu os procedimentos técnicos ao longo de vários meses. Foram centenas de horas de dedicação, envolvendo análises, testes, remoção de sujeiras, reintegração cromática e reconstrução de elementos perdidos. Os trabalhos foram concluídos em outubro de 2024, com a devolução das peças restauradas ao patrimônio público.
A exposição em Pelotas oferece ao público uma experiência visual e educativa. Fotografias de grande formato documentam o estado das obras antes e depois da restauração, assim como as técnicas utilizadas no processo. Há ainda textos explicativos sobre a metodologia empregada pelos restauradores e os significados simbólicos das peças. Segundo o curador Lauer Santos, professor da Ufpel, a intenção foi apresentar um conteúdo didático, acessível e visualmente impactante. “É muito emocionante o sentimento de cidadania, de pertencimento a um país civilizado, ver essas obras sendo reconstituídas e devolvidas aos seus lugares de origem”, afirma.
A mostra também inclui registros produzidos pela professora Karen Caldas, pelo fotógrafo Nauro Júnior e por Mariana Alves, do Iphan. A curadoria é assinada pelos professores Lauer Santos, Roberto Heiden e Renan Espírito Santo. A visitação é gratuita, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Além da dimensão técnica, o projeto “8 de Janeiro: Restauração e Democracia” tem um forte componente educativo. A equipe desenvolveu ações de educação patrimonial com estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e da rede pública do Distrito Federal, abordando o valor do patrimônio cultural e a importância de sua preservação. Essas atividades serão replicadas em breve em escolas da rede pública de Pelotas, com o apoio do Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Conservação e Restauro da UFPel.
Outro produto do projeto é um documentário que será lançado em breve, com depoimentos, imagens inéditas do processo de restauração e reflexões sobre o papel da cultura na reconstrução simbólica da democracia.
Entre as obras restauradas estão esculturas, pinturas e cerâmicas de autores como Frans Krajcberg, Di Cavalcanti, Bruno Giorgi e Dario Mecatti. Algumas peças, como o quadro “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, foram propositalmente deixadas sem restauração, como forma de preservar a memória do que ocorreu.
Confira as obras restauradas pela equipe da Ufpel
1.“Galhos e Sombras” (1970), de Frans Krajcberg – escultura em madeira pintada;
2.“O Flautista” (1961), de Bruno Giorgi – escultura em bronze e base em granito;
3.“Matriz e grade no 1º plano” (1976), de Ivan Marquetti – óleo sobre tela;
4.“Mulatas à mesa” (1962), de Emiliano Di Cavalcanti – pintura em óleo sobre tela;
5.“Retrato do Duque de Caxias” (década de 1930), de Oswaldo Teixeira – óleo sobre tela;
6.“Rosas e Brancos Suspensos” (1970), de José Paulo Moreira da Fonseca – óleo sobre tela;
7.“Casarios”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;
8.“Sem título”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;
9.“Idria”, autoria não identificada – cerâmica (Majólica Italiana);
10.“Cena de Café” (1978), de Clóvis Graciano – óleo sobre tela;
11.“Paisagem do Rio” (atribuído), de Armando Viana – óleo sobre tela;
12.“Vênus Apocalíptica Fragmentando-se” (1983), de Marta Minujín – escultura em bronze;
13.“Cotstwold Town” (1958), de John Piper – óleo sobre tela;
14.“Borboletas e Pássaros” (atribuído) (1965), de Grauben do Monte Lima – óleo sobre tela;
15.“Bird (Pássaro)” (1955), de Martin Bradley – guache sobre papel;
16 a 20. “Músico 01 – 05” (atribuído) (1963), de Glênio Bianchetti – óleo sobre madeira.
2.“O Flautista” (1961), de Bruno Giorgi – escultura em bronze e base em granito;
3.“Matriz e grade no 1º plano” (1976), de Ivan Marquetti – óleo sobre tela;
4.“Mulatas à mesa” (1962), de Emiliano Di Cavalcanti – pintura em óleo sobre tela;
5.“Retrato do Duque de Caxias” (década de 1930), de Oswaldo Teixeira – óleo sobre tela;
6.“Rosas e Brancos Suspensos” (1970), de José Paulo Moreira da Fonseca – óleo sobre tela;
7.“Casarios”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;
8.“Sem título”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;
9.“Idria”, autoria não identificada – cerâmica (Majólica Italiana);
10.“Cena de Café” (1978), de Clóvis Graciano – óleo sobre tela;
11.“Paisagem do Rio” (atribuído), de Armando Viana – óleo sobre tela;
12.“Vênus Apocalíptica Fragmentando-se” (1983), de Marta Minujín – escultura em bronze;
13.“Cotstwold Town” (1958), de John Piper – óleo sobre tela;
14.“Borboletas e Pássaros” (atribuído) (1965), de Grauben do Monte Lima – óleo sobre tela;
15.“Bird (Pássaro)” (1955), de Martin Bradley – guache sobre papel;
16 a 20. “Músico 01 – 05” (atribuído) (1963), de Glênio Bianchetti – óleo sobre madeira.