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Publicada em 16 de Maio de 2025 às 11:27

Arroz especial ganha espaço na produção da metade Sul

Com investimento em pesquisa e ampliação da escala produtiva, tendência é de que variedades como arbóreo e japônico se tornem mais acessíveis ao consumidor

Com investimento em pesquisa e ampliação da escala produtiva, tendência é de que variedades como arbóreo e japônico se tornem mais acessíveis ao consumidor

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Amanda Kuhn
Variedades de arroz especiais como o arbóreo, para a preparação de risotos, o japônico, utilizado em preparações como sushi, ou o basmati, da culinária do sudeste asiático, vêm ganhando espaço nas lavouras de cidades como Santa Vitória do Palmar e Pedro Osório, na zona Sul do RS, região historicamente devotada à cultura arrozeira.
Variedades de arroz especiais como o arbóreo, para a preparação de risotos, o japônico, utilizado em preparações como sushi, ou o basmati, da culinária do sudeste asiático, vêm ganhando espaço nas lavouras de cidades como Santa Vitória do Palmar e Pedro Osório, na zona Sul do RS, região historicamente devotada à cultura arrozeira.
Enquanto o arroz agulhinha, o tipo mais consumido no Brasil, domina a produção nacional, uma fatia ainda pequena, mas crescente, se volta para nichos que valorizam sabor, textura e versatilidade culinária. Nesses dois municípios, somente as lavouras do produtor Jair Almeida chega a uma produção anual de cerca de mil toneladas por ano, enquanto outros agricultores da região, ele aponta, já têm uma produção total que 1,2 toneladas.
 
Almeida atua há mais de 30 anos com arroz especial. Ex-diretor agrícola do Grupo Josapar, dono da marca Tio João, Almeida comanda hoje a corretora Expoente, especializada na comercialização de variedades como arbóreo, carnaroli e japônico. A empresa opera no atacado, fornecendo o produto em grandes volumes para indústrias de todo o Brasil.
"Somos apaixonados pelo arroz. É um prato extremamente versátil, presente na mesa dos brasileiros em inúmeras receitas", afirma Almeida. Segundo ele, a principal diferença entre o arroz comum e os especiais não está na forma de cultivo, mas na genética, nos cuidados com tratos culturais e na escala reduzida da produção. "Esses materiais têm menor produtividade por hectare e menor rendimento industrial. Enquanto um arroz moderno pode render 70%, os especiais ficam em 55%, 60%", detalha o produtor.
A escassez de melhoramento genético no Brasil também impacta diretamente nos custos, explica Almeida. “Não existe um programa de pesquisa como há para o arroz tradicional. O que temos são materiais antigos, que mantemos com muito cuidado. Por isso, uma parte relevante da nossa oferta depende de importação — da Argentina, Uruguai, Chile, Itália e de países da Ásia", pontua.
Esse panorama técnico e comercial se reflete no preço ao consumidor. Uma saca de arroz japônico, por exemplo, varia entre R$ 110,00 e R$ 135,00. Já os italianos podem custar de R$ 160 a R$ 200 por saca. Esses valores representam de duas a até duas vezes e meia o preço do arroz comum. No varejo, um quilo de arroz arbóreo pode custar R$ 20,00 — o equivalente a um pacote de cinco quilos de arroz tradicional. "O arroz especial geralmente é embalado a vácuo ou em pacotes mais atrativos, voltados a um público gourmet", afirma Almeida.
Apesar do preço mais alto, há uma tendência de crescimento na demanda por essas variedades. O Sindicato da Indústria do Arroz de Pelotas (Sindapel) aponta que o consumidor está cada vez mais atento à qualidade dos alimentos, e a busca por experiências gastronômicas diferenciadas impulsiona o mercado. A expectativa é de que, com investimentos em pesquisa e ampliação da escala produtiva, esses produtos se tornem mais acessíveis nos próximos anos.
Segundo Almeida, o arroz japônico é ideal para pratos como sushi, arroz com galinha, arroz de carreteiro ou mesmo as receitas caseiras mais tradicionais. Já os italianos se destacam na alta gastronomia. “Hoje é difícil ir a um restaurante e não encontrar risoto ou sushi no cardápio. É um segmento em expansão, mesmo com as dificuldades técnicas e econômicas", observa.
Colaborou Lívia Araújo

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