A Lavras do Sul Mineração (LDSM), que atua no município homônimo, na região da Campanha gaúcha, estima que possa iniciar efetivamente a exploração de ouro em meio aos 23 mil hectares da empresa na região por volta de 2029.
A previsão é do gerente nacional da empresa, Paulo Serpa, que participou nesta segunda-feira (5) do relançamento da Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento da Região da Campanha do RS, que aconteceu na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, e que contou com diversos prefeitos da região e lideranças de classe.
Segundo Serpa, o projeto já teve aprovado o termo de referência da primeira licença ambiental, e o Estudo de Impacto Ambiental começará a ser desenvolvido a partir do segundo semestre. “A gente tem condições de começar a produzir em 2029, mas vai depender, é claro, do ritmo dos avanços. O processo de desenvolvimento de um projeto mineiro envolve várias etapas e é um trabalho que tem de ser feito com muito cuidado, porque são investimentos muito grandes”, explicou.
No caso de Lavras do Sul, Serpa pontuou que, até agora, já foram investidos cerca de R$ 200 milhões somente em pesquisa mineral. A título de comparação, Serpa disse que o projeto desenvolvido para a mina de Mara Rosa, no norte de Goiás, que entrou em produção em 2024, “consumiu mais de 250 milhões de dólares em investimentos”, valor equivalente a R$ 1,4 bilhão.
A LDSM possui 37 direitos minerários na região, cujas atividades no segmento remontam ao século XIX, e identificou 26 alvos para a mineração de ouro. Segundo Serpa, o impacto econômico trazido pela atividade pode ser significativo. “Se formos levar em conta o preço da onça de ouro hoje, que é de 3,35 mil dólares, isso geraria 335 mil dólares em faturamento. Isso representa mais de R$ 1,5 bilhão em impostos gerados em dez anos”, projetou.

Para Durose, CEO da canadense Lavras Gold, enchente abriu um debate mais amplo sobre o desenvolvimento regional no Rio Grande do Sul
BRENO BAUER/JC
Além de reunir autoridades públicas e representantes de entidades, o evento teve a presença inclusive de Michael Durose, CEO da Lavras Gold, empresa canadense controladora da LDSM, e de representantes do governo canadense. Segundo Durose, que falou ao Jornal do Comércio, “a parte mais difícil no ramo da mineração é encontrar um projeto economicamente viável para desenvolver, mas acreditamos que, com os investimentos na região nos últimos dois anos e meio, provavelmente teremos um projeto economicamente viável”, sinalizou. O canadense também salientou que “nosso próximo desafio é mostrar aos moradores da região que estamos aqui para desenvolver algo muito ambientalmente responsável e gerar riqueza para a região”.
Durose contou que esteve no Rio Grande do Sul durante as cheias de maio. “A enchente, de certa forma, abriu um debate mais amplo sobre o desenvolvimento regional no Estado. Acho que, no Rio Grande do Sul, a mineração tem investimentos insuficientes, mas pode dar uma contribuição muito positiva. A enchente acabou abrindo um diálogo muito bom”, disse.
Questão ambiental é presente em embates judiciais sobre mineração
A ênfase de Durose na questão ambiental demonstra o peso que o tema tem no setor de mineração, cujos empreendimentos são frequentemente alvo de protestos pelo receio do impacto da atividade, e geração de rejeitos, nas regiões em que atua. De acordo com Serpa, da LDSM, “existe uma falta de conhecimento da sociedade sobre a mineração”. “A região não tem só ouro, e fosfato, mas também temos cobre, chumbo, zinco que, se trabalhados, poderão render vários empreendimentos minerais”, defendeu.
O exemplo desses potenciais, no caso do fosfato, é o projeto Fosfato Três Estradas, da Águia Fertilizantes também em Lavras do Sul, e que também gerou contestações acerca de preocupações com o impacto ambiental. Em novembro do ano passado, a 1ª Vara Federal de Bagé teve decisão favorável ao processo de licenciamento ambiental do empreendimento, que incluirá uma planta industrial, será a primeira do tipo no Rio Grande do Sul. Na época, uma reportagem do Jornal do Comércio trouxe a informação de que a empresa planeja iniciar as obras no primeiro semestre de 2025, com previsão de lançar o produto no mercado em 2026.
A decisão ocorreu no âmbito de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Associação para Grandeza e União de Palmas, Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã, Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Inga Estudos Ambientais e Cooperativa Agropecuária do Alto Camaquã Ltda. Na ação, a empresa, Águia Fertilizantes, e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam) eram rés.
A ação pedia a nulidade dos atos realizados no licenciamento ambiental do projeto, alegando que deveria ter sido feita uma consulta livre, prévia e informada à Comunidade Tradicional de Pecuaristas Familiares na área diretamente afetada pelo empreendimento. Alternativamente, o MPF solicitava a anulação dos atos desde o aceite do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) ou, ainda, a partir da convocação da audiência pública, para que fossem realizadas audiências em Dom Pedrito e no distrito de Torquato Severo. O MPF recorreu da decisão em abril desse ano, mas ainda não há data para julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
A Águia Fertilizantes, instalada desde 2011, informa que pretende produzir cerca de 300 mil toneladas anuais de fosfato. Até novembro de 2024, a empresa afirma que já havia investido mais de R$ 80 milhões em pesquisa, engenharia e estudos ambientais, e planeja investir mais R$ 80 milhões na primeira fase do projeto, com duração estimada de 18 anos e geração de 100 empregos diretos na operação.
A Águia Fertilizantes, instalada desde 2011, informa que pretende produzir cerca de 300 mil toneladas anuais de fosfato. Até novembro de 2024, a empresa afirma que já havia investido mais de R$ 80 milhões em pesquisa, engenharia e estudos ambientais, e planeja investir mais R$ 80 milhões na primeira fase do projeto, com duração estimada de 18 anos e geração de 100 empregos diretos na operação.