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Publicada em 21 de Janeiro de 2025 às 12:44

Protecionismo de Trump traz riscos e oportunidades para exportações em Rio Grande, crê Bacchieri

Possíveis disputas comerciais entre EUA e China podem beneficiar RS e Brasil no comércio internacional

Possíveis disputas comerciais entre EUA e China podem beneficiar RS e Brasil no comércio internacional

AFP
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Tais Carolina Repórter
As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos estão no centro das atenções a partir da posse do presidente estadunidense Donald Trump, especialmente no Porto do Rio Grande, um dos maiores complexos portuários da América Latina. Responsável por exportações de destaque como soja e produtos industriais, o porto movimentou mais de 892 mil toneladas de produtos com destino aos Estados Unidos apenas em 2024, consolidando o país como o quarto principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul.
As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos estão no centro das atenções a partir da posse do presidente estadunidense Donald Trump, especialmente no Porto do Rio Grande, um dos maiores complexos portuários da América Latina. Responsável por exportações de destaque como soja e produtos industriais, o porto movimentou mais de 892 mil toneladas de produtos com destino aos Estados Unidos apenas em 2024, consolidando o país como o quarto principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul.
No entanto, o cenário de incertezas gerado pelas políticas protecionistas defendidas por Trump preocupa especialistas. O discurso de valorização da indústria americana e a possibilidade de sobretaxação de produtos estrangeiros são fatores que podem impactar diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano.
 
Para Antônio Carlos Bacchieri Duarte, coordenador de operações portuárias da Bianchini S/A e diretor de infraestrutura da Federasul, o momento exige cautela. "Se ele vai valorizar a indústria americana, algumas indústrias que não estavam num bom momento poderão, através de subsídios do próprio governo, produzir produtos e vender internamente com vantagens sobre importados, como os brasileiros, que podem ser sobretaxados. Mas é algo que precisamos acompanhar mais adiante para entender se o discurso se transformará em prática", afirma Bacchieri.
Apesar das preocupações, há estratégias que podem mitigar os efeitos dessas possíveis barreiras comerciais. A alta do dólar, por exemplo, pode favorecer as exportações brasileiras, tornando os produtos mais competitivos mesmo em um cenário de taxações. "Com o dólar alto, as exportações se tornam mais vantajosas. Mesmo com uma taxação, o negócio pode ser viável. E uma sobretaxa muito alta pode levar à escassez de produtos nos Estados Unidos, o que seria inflacionário", explica Bacchieri.
Outro fator que pode beneficiar o Brasil é a dinâmica do mercado de soja. Dados da Portos RS mostram que a soja é o principal produto exportado pelo Porto do Rio Grande, com a China sendo o principal destino. Segundo Bacchieri, caso o governo americano intensifique disputas comerciais com a China, o Brasil poderá ampliar suas exportações de soja para o gigante asiático. "A tendência é que a China compre ainda mais de nós, caso os Estados Unidos iniciem uma guerra comercial com eles", avalia.
A importância estratégica do Porto do Rio Grande vai além das questões econômicas. O complexo desempenha um papel essencial na conexão do Brasil com mercados globais, contribuindo para a movimentação de produtos que sustentam economias locais e geram empregos. Diante do cenário de desafios e oportunidades, é essencial que governo e empresas estejam atentos às mudanças no comércio internacional e preparados para adaptar suas estratégias, acredita o executivo.

Para os especialistas como Bacchieri, o equilíbrio entre competitividade, inovação e fortalecimento das relações diplomáticas será a chave para manter o Porto do Rio Grande como um dos principais motores da economia gaúcha e brasileira.

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