O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira (12), que irá autorizar que habitantes saiam da Faixa de Gaza e se mudem para o exterior. A medida vem a público depois de Israel ampliar a ofensiva militar dentro do território palestino e do aumento da crise de fome no local, em meio à guerra contra o grupo terrorista Hamas. Aliados de Netanyahu defendem a expulsão dos palestinos de Gaza e a ocupação da faixa por colonos judeus.
Perguntado durante uma entrevista ao canal de TV internacional I24 News sobre a possível emigração de habitantes de Gaza para o exterior, Netanyahu avaliou que isto ocorre em todos os conflitos. "Nós os autorizaremos, durante e depois dos combates", afirmou, acrescentando: "Não os estamos expulsando, mas permitindo que saiam, e é isso que está acontecendo".
"Na Síria, milhões partiram, na Ucrânia, milhões partiram, no Afeganistão, milhões partiram. E de repente eles [a comunidade internacional] decidem que os civis em Gaza devem ficar presos? Dê-lhes a oportunidade de sair, antes de tudo, das zonas de combate e, em geral, de deixar o território, se assim o desejarem", argumentou o primeiro-ministro.
"Estamos conversando com vários países anfitriões em potencial; não posso entrar em detalhes aqui." Mas "o mais natural, para todos aqueles que falam, aqueles que afirmam se importar com os palestinos e querem ajudá-los, é abrir suas portas", continuou.
Sob as ordens do gabinete militar de Netanyahu, o Exército israelense está se preparando para lançar uma nova fase de suas operações militares em Gaza alegando resgatar todos os reféns israelenses e derrotar o Hamas, de acordo com seus objetivos declarados.
O Exército pretende assumir o controle da Cidade de Gaza e dos campos de refugiados próximos, uma das áreas mais densamente povoadas do território palestino. O anúncio desse plano foi condenado por grande parte da comunidade internacional, enquanto a ONU alertou para uma "nova calamidade" com graves consequências regionais.
A Associated Press havia noticiado mais cedo que Israel estava em discussões com o Sudão do Sul sobre a possibilidade de reassentar palestinos de Gaza. Seis pessoas familiarizadas com o assunto confirmaram as negociações à agência.
Não está claro até que ponto as negociações avançaram, mas, se implementadas, os planos equivaleriam à transferência de pessoas de uma terra devastada pela guerra e em risco de fome para outra, levantando preocupações com os direitos humanos. O país vive uma crise humanitária grave e está em um cenário de guerra civil, segundo reportou a ONU em março deste ano.