Uma juíza federal negou nesta quarta-feira (23) o pedido do Departamento de Justiça dos EUA para tornar públicos os depoimentos que fazem parte da investigação contra o financista Jeffrey Epstein, condenado por exploração sexual de menores, e que se suicidou em 2019 em uma prisão em Nova York.
A secretária de Justiça americana, Pam Bondi, havia oficializado o pedido do presidente Donald Trump na última sexta-feira (18). Sob pressão de apoiadores, o republicano ordenou a divulgação de "todo e qualquer depoimento [do caso] pertinente ao grande júri", devido ao que chamou de "quantidade ridícula de atenção dada a Jeffrey Epstein".
Em uma decisão de 12 páginas, no entanto, a juíza Robin L. Rosenberg afirmou que não poderia fazê-lo legalmente, de acordo com as diretrizes que regem o sigilo do grande júri - que é formado por um grupo de cidadãos que decide se há evidências suficientes para acusação formal de um crime - estabelecidas pelo Tribunal de Apelações dos EUA para o 11º Circuito.
A magistrada disse que o tribunal "está de mãos atadas". O governo não solicitou as conclusões do grande júri para uso em um processo judicial, segundo ela. No geral, os tribunais distritais são proibidos de tornar públicos os depoimentos do grande júri, exceto em circunstâncias restritas, acrescentou.
Em seu pedido, o Departamento de Justiça citou "amplo interesse público" e "transparência para o público americano" ao justificar a solicitação. Os juízes federais de Nova York que acompanham o pedido, porém, afirmaram que o órgão não havia "abordado adequadamente" os fatores sob os quais o material poderia ser divulgado.
A ordem de Trump veio como resposta a uma onda de cobranças públicas da base trumpista pela divulgação completa dos arquivos da investigação, dos quais o FBI e o Departamento de Justiça têm posse. Na prática, o que Trump solicitou, no entanto, representa uma fatia de todos os documentos.