Os tambores da guerra na Europa, já convulsionada pelo conflito na Ucrânia, seguem a pleno vapor. Só nesta quinta-feira (17), o novo chefe militar da Otan disse crer num embate com Rússia e China, ao mesmo tempo, a partir de 2027, enquanto a linha dura em Moscou defendeu ataques preventivos contra o Ocidente.
"Para mim, a Rússia vai continuar sendo uma ameaça duradoura" mesmo se houver paz na Ucrânia, afirmou o general norte-americano Alexus Grykewich, que assumiu neste ano o posto de comandante supremo das forças aliadas na Europa.
"Aqueles que ouvem o nosso grande secretário-geral, Mark Rutte, ouviram-no dizer que a coisa que Xi Jinping provavelmente fará antes de atravessar o estreito de Taiwan é dar uma ligada para Vladimir Putin e pedir ajuda", afirmou, em referência a uma entrevista do holandês há duas semanas.
A ajuda russa seria um ataque a território da Otan, segundo Rutte, que foi criticado por especialistas pela implausibilidade militar do cenário, desenhado como alarmista para justificar a meta de 5% do PIB gastos com defesa que a Otan adotou. O general disse acreditar que Xi estará pronto para invadir Taiwan, ilha autônoma considerada rebelde pela China, em 2027 -Pequim já deu esse prazo para suas forças. "Vamos precisar todo tipo de armamento, equipamento e munições para enfrentar isso", disse.
Grynkewich, que foi piloto de caça, falava sobre a necessidade de reforçar as defesas antiaéreas da aliança. Ele disse que as duas primeiras baterias Patriot a serem enviadas para a Ucrânia no novo esquema de ajuda anunciado por Donald Trump logo estarão prontas.
Na segunda-feira (14), o presidente norte-americano disse que reforçaria as defesas de Kiev numa triangulação segundo a qual armas americanas seriam compradas por países europeus e repassadas. Ao mesmo tempo, fez um ultimato a Putin, dando ao russo 50 dias para fazer a paz, sob pena de novas sanções econômicas.
Até aqui, o Kremlin deu de ombros. Nesta quinta, o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, voltou a dizer que a fala de Trump "está sendo analisada". Segundo pessoas próximas do centro do poder, a tática por ora é esperar para ver e acelerar ações na Ucrânia.
Há a expectativa de que Trump possa voltar atrás novamente, como já fez quando vazou a conversa que teve com Volodymyr Zelensky na qual questionou se o ucraniano poderia atacar Moscou. Desde que assumiu, o republicano aproximou-se de Putin e abriu canais, restando saber se o afastamento agora é para valer.
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, criticou o ultimato, dizendo que "a Rússia não aceita ameaças". Segundo ela, o contínuo envio de armas ocidentais a Kiev sinaliza "a continuação do massacre" e a rejeição da paz.
Com efeito, o Kremlin segue avançando, com vilas caindo para as forças de Putin em três regiões ucranianas nesta quinta. Houve bombardeios menos intensos, contudo: foram lançados 64 drones, matando uma pessoa. Já os ucranianos dispararam uma onda maior, com a Rússia relatando 122 abates de drones -Moscou não divulga dados totais.
Agências