O Pentágono suspendeu o envio de alguns mísseis de defesa aérea e outras munições de precisão para a Ucrânia. A Rússia comemorou a decisão, enquanto Kiev demonstrou preocupação. A pausa imposta pelo governo dos Estados Unidos, grande aliado e fornecedor de armas para a Ucrânia na guerra contra a Rússia, decorreu de preocupações de que os estoques americanos desses armamentos estejam muito baixos.
A Rússia comemorou nesta quarta-feira (2) a decisão anunciada pelo governo dos EUA de interromper parte do envio de ajuda militar à Ucrânia, afirmando que quanto menos armas chegarem ao país do Leste Europeu, mais rápido a guerra terá um fim.
Em Kiev, autoridades demonstraram preocupação com a decisão americana - em um momento em que a ofensiva russa conquista avanços na linha-de-frente, e o compromisso de Washington com a contenção de Moscou parece se esvair em diferentes frentes.
A Casa Branca anunciou na terça que iria suspender parcialmente o envio de armas a Kiev, sob o argumento de "priorizar os interesses dos EUA". A subsecretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, afirmou à agência francesa AFP que a decisão foi tomada após "uma revisão do Departamento de Defesa sobre o apoio e a assistência militar" dos EUA a outros países do mundo. A imprensa americana noticiou que a suspensão afetará os envios de mísseis e projéteis de defesa aérea.
A medida teve repercussão quase imediata em Kiev e Moscou. Enquanto os russos reagiram positivamente à determinação de Washington, autoridades ucranianas tentaram apontar que sem o apoio americano, o esforço de guerra para conter o avanço russo seria profundamente prejudicado.
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"Quanto menos armas forem enviadas à Ucrânia, mais perto estará o fim da operação militar especial", disse o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao ser questionado nesta quarta-feira, usando o termo pelo qual Moscou se refere à guerra.
Do lado ucraniano, as autoridades ainda tentam avaliar o impacto da medida. O assessor presidencial Dmitro Litvin afirmou a repórteres nesta quarta que o governo está "esclarecendo" com os americanos o que estaria incluído na suspensão dos envios de equipamentos de defesa. Em paralelo, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o encarregado de negócios americano no país, John Ginkel, para enfatizar a "importância crítica" do fornecimento de equipamentos americanos.
O lado ucraniano enfatizou que qualquer atraso no apoio às capacidades de defesa da Ucrânia apenas encorajaria o agressor a continuar a guerra e o terror, em vez de buscar a paz", disse a chancelaria em um comunicado.
Uma fonte do alto escalão militar ucraniana, ouvida em anonimato pela AFP, afirmou que o país teria dificuldades para se defender dos ataques russos sem a munição americana. Ela relatou à agência francesa que, neste momento, o país depende "seriamente" do fornecimento bélico dos EUA, apesar dos esforços da Europa para aumentar a ajuda enviada. "Será difícil para nós sem munição americana", disse a fonte.