Após um hiato de quase três anos, Vladimir Putin e Emmanuel Macron voltaram a se falar nesta terça (1º), concordando em discordar acerca da Guerra da Ucrânia e empregaram linguagem semelhante sobre o recente conflito entre o Irã e a dupla Israel e Estados Unidos.Isso foi o possível de discernir da conversa, que durou mais de duas horas.
Parece bobagem, mas é uma sinalização de acomodação diplomática. O governo russo costuma enfatizar isso quando Putin conversa com algum líder ocidental, como uma forma de manter a imagem olímpica. Foi assim na mais recente vez em que ele e Macron se falaram, no dia 11 de setembro de 2022.
Nesta terça, segundo a França, Macron insistiu na integridade territorial ucraniana e na necessidade de um cessar-fogo. Já Putin retomou, diz o texto da Presidência russa, a crítica à posição dos países europeus no conflito e disse que negociações de paz têm de respeitar a realidade no campo de batalha.
Falou com a boca cheia, num dia em que Moscou anunciou a tomada de controle de 1 das 4 regiões anexadas ilegalmente por Putin no fim do mesmo setembro de 2022. Já sobre Oriente Médio, ainda que Putin seja um aliado do Irã e Macron tenha apoiado o ataque contra o regime em Teerã, ambos sincronizaram o discurso.
Ambos afirmaram que o Irã tem direito a um programa de energia nuclear pacífico, mas que também precisa retomar suas obrigações com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) - ou seja, permitir inspeções após o ataque israelo-americano a seu programa nuclear, algo que Teerã se recusa a fazer.
O emprego calculado das palavras sugere que o mal-estar entre os líderes está, se não superado totalmente, encaminhado para uma nova fase. Antes do início da guerra europeia, em fevereiro de 2022, Macron chegou a ir pessoalmente a Moscou para tentar demover Putin de invadir a Ucrânia. Viu-se sentado na ponta de uma mesa de seis metros de comprimento, virando meme global de impotência diplomática.
Voltou a falar com Putin algumas vezes, a derradeira naquele setembro, e depois disse que havia sido enganado pelo russo. Tarde demais.
Voltou a falar com Putin algumas vezes, a derradeira naquele setembro, e depois disse que havia sido enganado pelo russo. Tarde demais.
Agências