Os cerca de 14 mil km de distância que o separam da região não impediram o presidente Javier Milei de manifestar aprovação pela entrada dos Estados Unidos no conflito com o Irã e reafirmar apoio total a Israel, algo que começa a gerar preocupações na Argentina.
Não é para menos. O país latino ainda guarda as marcas de um trauma: os dois atentados, à embaixada de Israel e à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, em 1992 e 1994, que resultaram em 114 mortes. A lembrança dos ataques está em séries de TV, filmes, em uma estação de metrô portenha e em um memorial da rua Pasteur, no bairro de Balvanera.
No ano passado, a Justiça responsabilizou o Irã pelas explosões. O Tribunal Federal Criminal da Argentina decidiu que ambos os ataques foram ordenados pelo governo de Teerã e realizados pelo Hezbollah.
Agora, ainda que a chancelaria argentina não tenha se posicionado oficialmente sobre o conflito com o Irã, Milei passou a compartilhar mensagens nas redes sociais apoiando a ofensiva ordenada por Donald Trump nos últimos dias.
O argentino havia feito um giro internacional que terminou em Israel poucos dias antes do início dos ataques. Lá, não tratou de interesses comerciais ao se encontrar com o colega israelense, Isaac Herzog, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, preferindo usar os encontros para reafirmar sua afinidade com o país.
De volta à Argentina, o ultraliberal defendeu o ataque militar israelense ao Irã, mencionando que a medida era "a salvação da cultura ocidental" e que o Irã era um inimigo da Argentina. Dias depois, o ministro da Defesa, Luis Petri, apoiou a investida de Trump, e o endosso foi compartilhado por influenciadores libertários e outros membros do governo.
As declarações, no entanto, despertaram preocupação entre políticos e analistas não alinhados com o governo. A oposição alertou que Milei não pode declarar o Irã como inimigo sem a autorização do Congresso, conforme a Constituição.
Agências