Em meio a intensos ataques aéreos de lado a lado, Rússia e Ucrânia concluíram sem grandes avanços a segunda rodada de negociações diretas para tentar acabar o conflito iniciado por Moscou em 2022. As conversas em Istambul ocorreram nesta segunda-feira (2), em Istambul, e duraram pouco mais de uma hora. Segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ficou acertada mais uma troca de prisioneiros de guerra, como havia ocorrido no encontro passado, em 16 de maio.
Ele disse também, numa reunião na Lituânia, que seus negociadores forneceram uma lista de crianças que querem ver repatriadas pelos russos. Uma nova conversa poderá ocorrer ainda neste mês. Moscou apresentou um memorando com suas demandas visando a paz, mas o ministro ucraniano Rustem Umerov (Defesa) disse que não iria comentá-las antes de estudar seus termos. Também não houve o cessar-fogo pretendido pelos ucranianos.
Comprovando a intenção de mostrar força ambos os rivais promoveram novos ataques aéreos nesta madrugada de segunda. Segundo o Ministério da Defesa russo, 162 drones foram abatidos, a maior parte em Kursk e Belgorodo, junto à fronteira. Já a mesma pasta ucraniana afirmou que os rivais lançaram 80 drones e quatro mísseis balísticos, que atingiram 12 alvos diferentes.
Já as forças de Vladimir Putin enviaram quase 500 drones contra o vizinho, número recorde no conflito. Além disso, os russos têm avançado no Norte do país, uma nova frente na guerra: segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (EUA), Moscou tomou 507 km2 no mês passado, ante 379 km2 em abril e 240 km2 no mês anterior.
As expectativas para o encontro na Turquia, que já sediou a primeira rodada de conversas desde 2022 em meados de maio, eram baixas. Como é usual em negociações em que nenhum dos lados é vencido ou derrotado completamente, o tom é de impasse.
As reuniões são obra da mudança de posição dos EUA sob Donald Trump. O republicano suspendeu o apoio incondicional a Kiev e abriu um canal de conversa com Putin. O processo está longe de ser perfeito, e o americano já se questionou publicamente se não está sendo enrolado pelo russo.
Por fim, a minuta pede uma conversa direta entre Zelensky e Putin, por ora rejeitada pelos russos. O Kremlin diz que primeiro é preciso tratar das causas do conflito, na sua visão a necessidade de neutralidade militar da Ucrânia e a retirada do país das quatro áreas que os russos anexaram ilegalmente em 2022 e não controlam de forma integral.
Os russos exigem ainda que Kiev promova eleições presidenciais antes de ver qualquer tratado assinado. Citar eleições é uma forma de pressionar Zelensky, cujo mandato expirou há um ano. Não houve pleito porque o país está em estado de sítio, o que pela lei local impede o voto. O que os russos sugerem é que pode haver um cessar-fogo e, depois, um acordo de paz. Isso teoricamente poderia suspender o estado de sítio.
A outra, segundo a agência RIA-Novosti, seria a aceitação de um pacote de medidas já conhecidas: a neutralidade militar, a ausência de forças estrangeiras em solo ucraniano, suspensão de ajuda militar e mobilização, além da limitação das forças de Kiev.
Agências