Porto Alegre, qua, 09/04/25

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 02 de Janeiro de 2025 às 19:33

Europa se divide na relação com Trump às vésperas de seu retorno à Casa Branca

Especialista acredita que Trump vai falar uma linguagem antieuropeia, eurofóbica, porque é isso que agrada o seu eleitorado

Especialista acredita que Trump vai falar uma linguagem antieuropeia, eurofóbica, porque é isso que agrada o seu eleitorado

JOSH EDELSON/AFP/JC
Compartilhe:
Folhapress
Com visões distantes sobre quase tudo o que toca a União Europeia, o premiê da Hungria, Viktor Orbán, e o presidente da França, Emmanuel Macron, tentaram sair na frente na busca por estabelecer canais de diálogo entre a Europa e o novo governo de Donald Trump, cuja posse está marcada para o dia 20 de janeiro.
Macron recebeu Trump, em dezembro, na reabertura da catedral de Notre-Dame, na primeira viagem após eleito. Dois dias depois, o nacionalista Orbán visitou o futuro presidente na Flórida. Tirando a cortesia evidente, um movimento tem pouco a ver com o outro.
Ao se apresentarem como mediadores, Orbán e Macron simbolizam como a volta de Trump à Casa Branca suscita diferentes graus de preocupação no continente. O húngaro faz parte de um grupo político que tenta corroer por dentro as instituições da UE, além de ser simpático ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. O francês é enfático no apoio à Ucrânia e na defesa de uma Europa mais unida e soberana.
Os temas delicados da nova fase das relações entre o continente e os EUA giram em torno principalmente da defesa comum, da Guerra da Ucrânia e de relações comerciais. É esperado que Trump suba o tom para que os europeus contribuam mais com despesas militares, sob a ameaça de esvaziar a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos americanos. Também deverá pedir mais empenho em um processo de negociações que leve a um acordo entre Moscou e Kiev. Na área econômica, forçará a redução do déficit comercial, tentando cooptar a UE em uma ação anti-China.
"Trump vai falar uma linguagem antieuropeia, eurofóbica, porque é isso que agrada o seu eleitorado. Podemos esperar gestos marcantes, como quando não estendeu a mão a Angela Merkel [em 2017]", diz Mario Del Pero, professor de história das relações transatlânticas na Universidade Sciences Po, em Paris.
Do outro lado, encontrará apoiadores e simpatizantes, como Orbán e o eslovaco Robert Fico, com poucas chances de sucesso na mediação com a UE. E a primeira-ministra Giorgia Meloni, que se apresenta como uma interlocutora mais respeitada para fazer a ponte entre Washington e Bruxelas. A italiana está à frente de um país fundador, a terceira economia do bloco, e teceu boas relações tanto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quanto com Trump.
Mais crítico às políticas de Trump, um segundo grupo de líderes têm peso para dialogar com o americano, a depender da astúcia diplomática. Além de Macron, o britânico Keir Starmer e o polonês Donald Tusk podem fazer esse papel, especialmente pela importância que seus países têm na área da defesa. Contraste mais evidente, o espanhol Pedro Sánchez desponta como voz natural anti-Trump.
Para responder às dificuldades que o segundo mandato de Trump deverá trazer, a Europa deveria se apresentar coesa e com seus dois países mais relevantes, Alemanha e França, em boas condições de conduzir o bloco. Ambos, no entanto, enfrentam crises domésticas, com os alemães sem nem saber quem será o primeiro-ministro a partir de 23 de fevereiro, quando irão às urnas.
 

Notícias relacionadas

Avalie esta notícia

Comentários

0 comentários