O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, afirmou nesta quarta-feira (14), ainda noite de terça no Brasil, que vai renunciar ao cargo e ao posto de presidente de seu partido em setembro. A decisão foi anunciada após escândalos de corrupção virem à tona e escancara a instabilidade política no país.
No poder desde 2021, Kishida foi responsável por aumentar os gastos militares de Tóquio e por lançar uma plataforma de valorização dos salários no mercado de trabalho japonês, mas governou durante um período de alta na inflação e de crises políticas, o que resultou em perda de apoio e popularidade.
"É importante que o partido governista tenha uma nova liderança. O primeiro passo para que isso aconteça é a minha renúncia", disse Kishida em coletiva. "Apoiarei completamente o próximo líder e espero que o ímpeto por mudança no partido não diminua com meu sucessor", disse o premiê, acrescentando que tomou a decisão pensando no interesse público.
O anúncio de Kishida vai abrir um período de disputa interna no Partido Liberal Democrático (PLD) para escolher um novo líder - que, no sistema de parlamentarismo japonês, será automaticamente o próximo primeiro-ministro. As próximas eleições gerais estão marcadas para outubro de 2025, mas, diante da crise política, há a possibilidade de que sejam adiantadas.
Kishida sucumbe à pressão feita por opositores e aliados para deixar o cargo. Em julho, o apoio ao premiê caiu para 15,5%, segundo pesquisa feita pela agência Jiji Press. Trata-se do menor índice de aprovação desde que o PLD voltou ao poder, em dezembro de 2012.
A legenda conservadora governa o Japão de forma quase ininterrupta desde a metade do século 20, mas as lideranças da sigla vêm sofrendo desgastes devido ao desempenho da economia e escândalos de corrupção. O mais recente eclodiu após a revelação de que o partido tinha um fundo secreto para doações não declaradas. Em janeiro, dez pessoas, incluindo legisladores e seus assessores, foram indiciadas.