O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira (7) que o Mercosul é um espaço estratégico de coordenação para temas globais, como a transição energética. Lula participa da 63ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Lula enfatizou as três linhas de ação de sua gestão: inclusão social e combater fome e pobreza, e transição energética e reforma da governança global.
Em seu discurso, o tom foi crítico aos países desenvolvidos. Ele afirmou que a estrutura da ONU não pode ser a mesma de 1945, inclusive em termos de representação. "É preciso mais trabalho, mais reunião para mais representatividade. Se não, não adianta o trabalho da COP", frisou. Também afirmou que as nações mais ricas precisam pagar a conta da transição. "Quem tem que pagar a conta é quem se industrializa há mais de 200 anos."
Lula contou que tinha o "sonho" de concluir o acordo UE-Mercosul durante sua gestão na presidência da República. "A gente merecia fechar esse acordo."
O presidente disse ainda esperar que os países membros participem ativamente da COP-30 e lembrou que o Brasil assumirá a presidência do G-20, com o tema da transição energética em pauta. "O projeto que nos levará à COP de Belém passa pela presidência do Brasil no G-20."
Segundo ele, as decisões sobre a questão ambiental, tomadas pelos fóruns internacionais, precisam ser postas em prática "quase obrigatoriamente", apontou. "É preciso que, na questão ambiental, se tenha decisões implementadas quase obrigatoriamente."
Lula destacou os impactos da crise ambiental na América do Sul. "Temos muito a ensinar o mundo sobre essa famosa transição energética", afirmou o presidente. "Sabemos o que América do Sul está sofrendo com mudanças climáticas. Nunca imaginei ver os rios mais caudalosos secos."
Ainda que não nominalmente, criticou o governo Bolsonaro. "O Brasil tem reservas para suportar até praga de gafanhotos que passou por aqui nos últimos quatro anos. Precisamos de uma proposta para fazer funcionar instrumentos de financiamento pelo mundo".
O presidente aproveitou para convidar os países do Mercosul para reunião dos Brics em 2025 e afirmou que a entrada da Bolívia é conquista muito importante, lembrando que o país tem gás, minerais críticos e também uma cultura exuberante. "O Mercosul passa a contar com 283 milhões de pessoas e PIB de US$ 4,8 trilhões. A Bolívia ainda tem exigências a cumprir e sabe disso."