A decisão da Argentina de não assinar o acordo entre União Europeia e Mercosul na reunião de quinta-feira (30), no Rio de Janeiro, não só tirou do horizonte a perspectiva de concluir a negociação do pacto comercial, como também ofuscou uma oportunidade para o Brasil. As negociações entre Mercosul e União Europeia têm sido um teste para a liderança brasileira.
Integrantes do governo envolvidos com a discussão e analistas apontam que não se trata apenas de postergar a conclusão, mas sim do risco de que a aliança Mercosul-UE não saia do papel. O governo de Alberto Fernández optou por não tomar essa decisão em meio à transição política no país - Javier Milei toma posse no próximo domingo. Crítico do bloco sul-americano, o futuro governo pode mudar os rumos da negociação.
Na Alemanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não vai desistir do acordo. Ele deu a declaração ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, criticar, no fim de semana, a proposta em discussão. "Não vou desistir do acordo enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o 'não' de todos", disse Lula, acrescentando que lutará pelo pacto enquanto acreditar na possibilidade de concluí-lo.
Membros do alto escalão de três ministérios disseram não haver condições de assinar o acordo ainda neste ano e que não estaria claro quando haverá outra janela de oportunidade política para finalizá-lo.