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Publicada em 28 de Novembro de 2023 às 01:25

Venezuela fez discurso de ameaça contra Guiana no Itamaraty

Governo brasileiro, através do embaixador Celso Amorim, não apoia nenhuma medida fora das negociações diplomáticas

Governo brasileiro, através do embaixador Celso Amorim, não apoia nenhuma medida fora das negociações diplomáticas

/(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/JC
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Folhapress
A delegação chefiada pelo ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, fez um discurso em tom de ameaça contra a Guiana durante uma reunião de autoridades sul-americanas realizada no Palácio do Itamaraty, na semana passada, em Brasília.
A delegação chefiada pelo ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, fez um discurso em tom de ameaça contra a Guiana durante uma reunião de autoridades sul-americanas realizada no Palácio do Itamaraty, na semana passada, em Brasília.
Os discursos inflamados de Gil e do vice-ministro de Defesa, Félix Osorio, num encontro fechado entre chanceleres e ministros de Defesa, foram um dos elementos que fizeram o governo Lula (PT) aumentar a preocupação em relação ao referendo que o regime de Nicolás Maduro convocou para 3 de dezembro sobre o Essequibo, território da Guiana reivindicado por Caracas.
Trata-se de uma consulta popular em que os votantes responderão se concordam ou não com a reivindicação sobre os 160.000 km2 (área pouco maior que o Acre) que a Venezuela alega ser parte do seu território. A pauta histórica une os venezuelanos há mais de cem anos, razão pela qual a expectativa é que o "sim" ganhe por ampla maioria. A Guiana classificou o movimento venezuelano como uma "ameaça existencial".
Gil e Osorio foram os representantes do regime Maduro numa reunião na quarta (22), no Itamaraty, sobre segurança regional da qual participaram países sul-americanos.
Relatos de diversas autoridades que estiveram presentes no evento e classificaram o momento como "tenso, com discursos dos venezuelanos em tom de "ameaça" e muito acima do tom para uma reunião diplomática. Quando coube à delegação da Venezuela se pronunciar, as autoridades chavistas se referiram ao referendo e declararam que, a depender do resultado, Caracas "pode ser forçada pelo povo" a tomar determinadas atitudes.
Ainda de acordo com os relatos, os chavistas ainda afirmaram que a Venezuela não aceita ser roubada ou enganada, que se defenderá contra interesses imperialistas e revisará acordos impostos injustamente -expressões que fazem parte da retórica do regime sobre a disputa territorial do Essequibo.
A Guiana estava representada na reunião. Segundo os presentes, as autoridades do país também trataram da crise fronteiriça, ao destacar que a Guiana está preocupada com as recentes ações da Venezuela. Elas também defenderam que o tema deve ser tratado no âmbito da Corte Internacional de Justiça, algo rechaçado pelo regime Maduro.
O acirramento das tensões conforme o dia do referendo se aproxima levou o embaixador Celso Amorim, principal conselheiro de Lula para assuntos internacionais, a viajar na última semana a Caracas para uma reunião com Maduro. O governo não apoia nenhuma medida fora das negociações diplomáticas ou da arbitragem internacional.
 

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