Lucía respira aliviada quando vê o caminhão-tanque azul virar a esquina. "Graças a Deus", solta, relaxando os braços que há pelo menos dez minutos balançava no ar em movimento de seta. Ela já não aguentava mais repetir aos motoristas o endereço do único posto das redondezas que ainda tinha gasolina.
A frentista, que preferiu não dizer o sobrenome, trabalha em uma estação no bairro de Palermo, um dos mais caros e turísticos de Buenos Aires. Às vésperas das eleições, a Argentina vive uma crise de escassez de combustível que já dura cinco dias, tornando duas cenas comuns em todo o país: postos fechados ou motoristas entediados em longas filas que se estendem pelos quarteirões.
O motorista Jose Garcia, 72, deu "sorte". Viu o tal caminhão passar na rua de trás, resolveu segui-lo e, mesmo que ainda fosse demorar uma hora para abastecer as bombas, preferiu estacionar e esperar. "É melhor do que rodar e rodar tentando encontrar outro", justifica, enquanto manobra encostando na calçada.
Ainda não há previsão de quando a situação vai se normalizar, mas a expectativa é que não demore muito. As empresas YPF (estatal), Raízen (ligada à Shell), Trafigura (Puma) e Axion divulgaram uma nota conjunta no sábado dizendo que estavam atuando no limite, mas que o abastecimento interno iria se reestabelecendo nos próximos dias.
Folhapress


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