Jacob Blake, o homem negro que foi baleado pelas costas por um policial branco em Kenosha, no estado norte-americano de Wisconsin, está algemado ao leito do hospital - apesar ter ficado paralisado da cintura para baixo após a abordagem. "Ele não pode ir a lugar nenhum", disse nesta quinta-feira (27) o pai dele, também chamado Jacob Blake. "Por que é preciso algemá-lo?" Segundo o advogado da família, será preciso "um milagre" para que Blake volte a andar.
Para o governador do estado, o democrata Tony Evers, as algemas são desnecessárias. "Ele já pagou um preço terrível, tendo sido baleado sete ou oito vezes pelas costas."
De acordo com a BBC, a polícia diz que Blake está preso por acusações anteriores contra ele e que as algemas são praxe nessas situações. "Nossa política diz que todas as pessoas presas fora da delegacia devem ser algemadas", disse Eric Klinkhammer, do departamento de polícia de Kenosha.
A União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), conhecida entidade de defesa dos direitos humanos nos EUA, pediu a renúncia do chefe de polícia da cidade, acusando-o de defender a "supremacia branca" e demonizar "manifestantes que foram mortos exercendo seus direitos".
O policial que atirou em Blake foi identificado como Rusten Sheskey, um veterano que trabalha há sete anos na força policial da cidade.
Duas pessoas foram mortas e uma terceira ficou ferida por um adolescente branco na quarta-feira (26), terceira noite dos protestos na cidade contra a abordagem policial que feriu Blake. Kyle Rittenhouse, 17, que carregava um fuzil, passou horas andando pelas ruas com a arma e chegou a conversar com jornalistas antes de efetuar os disparos.
O adolescente se entregou à polícia e foi acusado de seis crimes, inclusive homicídio em primeiro grau, equivalente ao homicídio doloso no Brasil, quando há intenção de matar.