O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e o Hospital Moinhos de Vento firmaram, nesta terça-feira (18), um termo de cooperação técnica para oferecer cirurgias plásticas reparadoras gratuitas a pessoas que sofreram crimes violentos no Estado. O projeto “Reparador” busca restaurar não apenas a integridade física, mas também devolver dignidade e qualidade de vida às vítimas.
A iniciativa visa, sobretudo, a realização de cirurgias plásticas em mulheres vítimas de violência de gênero. Conforme explica Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, o sofrimento das mulheres que enfrentaram esse tipo de violência não acaba quando o agressor é levado à justiça: "muitas dessas mulheres estão na fila do SUS para conseguir uma cirurgia reparadora, e nossa ideia é acelerar essa fila".
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De acordo com Parrini, o hospital ficará encarregado tanto pela doação dos materiais, quanto pela disponibilização dos serviços dos médicos voluntários da ação. Já o MPRS irá construir a ponte que leva as mulheres vítimas, a partir do nível de gravidade de suas cicatrizes, até o hospital.
A violência de gênero tem como característica principal a intenção de desfigurar alguma parte do corpo da vítima, justamente para afetar a autoestima da mulher. Melina Schuch, Superintendente de Estratégia e Mercado do Hospital Moinhos de Vento, explica que as mulheres são o centro dos núcleos familiares, e quando elas são violentadas, a sua rede inteira é afetada: "portanto, a nossa expectativa é que possamos contribuir de alguma forma para a autoestima dessas mulheres e suas famílias”, afirma.
Até o momento, seis mulheres já foram selecionadas para passar pelos procedimentos cirúrgicos. Reservados os cuidados com o sigilo e a segurança das vítimas, Melina conta que a possibilidade de resgatar a autoestima de maneira acessível e acolhedora surge como uma faísca de esperança para essas mulheres: "Nós temos bastante cuidado quanto à divulgação delas, mas, no projeto, nós temos indicadores de satisfação e percepção delas para ter o cuidado técnico e o cuidado de acolhimento. O que nós percebemos dessas seis mulheres, e de ontem para hoje também de pessoas que não estavam no programa, só da notícia sobre o programa ter circulado, já gerou esperança.", afirma
O ingresso no programa se dá de duas formas: a procura espontânea das vítimas e o encaminhamento realizado pelo MPRS. Alessandra Moura Bastian da Cunha, coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Apoio às Vítimas (CAOCRIM) do MPRS, explica que promotores poderão encaminhar os dados dessas mulheres ao MPRS, e posteriormente ao Hospital Moinhos de Vento, ou as vítimas poderão procurar as centrais de atendimento mais próximas para solicitar uma avaliação.
Alessandra acrescenta que o projeto é recente, mas que os serviços serão construídos conforme a demanda: “com certeza se surgir o caso de uma mulher que esteja apta a realizar a cirurgia, mas não tenha condições de se hospedar aqui, nós daremos um jeito.”