Em recuperação judicial desde 2023, o Instituto de Cardiologia (IC) iniciou uma ampla reestruturação administrativa e financeira e já se prepara para deixar as dificuldades financeiras de lado. Segundo Leandro Gomes dos Santos, CEO da instituição, existe uma forte expectativa de encerrar o processo legal ainda no próximo ano.
Um exemplo deste novo momento do Insituto é a construção de um novo prédio para a instituição. A estrutura custou cerca de R$ 28 milhões, custeados pelo Governo do Estado, por meio do projeto Avançar.
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O prédio terá cerca de 4.000 m², e foi construído como um anexo. Segundo Santos, a nova sede será fundamental para aumentar a produção do hospital, pois irá inaugurar 24 novos leitos de recuperação e contará com uma nova máquina de hemodinâmica. O objetivo principal é dar mais vazão às seis salas cirúrgicas, visto que a recuperação dos pacientes era um “gargalo” que limitava o giro no bloco cirúrgico.
“Hoje, um dos gargalos que a gente tem é a recuperação. O paciente vai operar, só que nessa recuperação, ela demora, o paciente demora um pouquinho mais para sair, daí não tem giro no bloco. Temos seis salas cirúrgicas, então agora a gente vai dar mais vazão para nossa sala cirúrgica com 24 novos leitos de recuperação”, enfatizou Santos.
O CEO explica que a estrutura já está completamente pronta e aguarda apenas mais um aporte do governo. Segundo Santos, o Estado do Rio Grande do Sul investirá mais R$ 20 milhões destinados à aquisição de equipamentos.
A expectativa é que, após a compra dos equipamentos importados, o novo prédio entre em funcionamento entre o fim de fevereiro e março de 2026.
Durante a tarde desta terça-feira (18), o CEO do IC visitou o Jornal do Comércio e foi recebido pelo diretor-presidente Giovanni Jarros Tumelero. Eles debateram o futuro do Instituto e a importância de saber se reestruturar em momentos de crise.
Portanto, Santos destaca que o IC retomou sua cadência assistencial, registrou crescimento significativo na produção e alcançou resultados financeiros positivos, já evidenciados no Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE).
Atualmente, o Instituto dispõe de 298 leitos, realiza mais de 780 atendimentos diários, cerca de 10 mil internações por ano e mais de 1.300 cirurgias e procedimentos de hemodinâmica por mês, executados por uma equipe de mais de 1.300 profissionais.
A instituição segue avançando em programas de qualificação, como o Projeto Gestão Hospitalar RS – PROADI-SUS, e mantém esforços contínuos para conquistar a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Paralelamente, amplia o atendimento a convênios e fortalece sua atuação no Sistema Único de Saúde, responsável por cerca de 70% dos atendimentos cardiológicos do Rio Grande do Sul.
Outro ponto destacado pelo CEO foi o pioneirismo do IC no uso de tecnologias na área da saúde. Segundo Santos, a instituição sempre foi vanguarda na educação e na formação de médicos, sendo que tudo o que aconteceu de inovação na área de cardiologia no Rio Grande do Sul foi através dela.
Atualmente, ele conta que o Instituto está sendo pioneiro no Brasil com o uso da caixa refrigerada "Taura" para transporte de corações, uma tecnologia trazida de um cirurgião do Canadá. Antes do uso desse novo material, o transporte de corações era feito em um isopor com gelo, que fazia com que o órgão devesse ser transportado em até 4h. A nova caixa permite que o transporte seja feiro por até 8 horas, dobrando o tempo anterior.
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Essa iniciativa é considerada uma inovação e "mais um ineditismo", nas palavras do CEO, que coloca a instituição na vanguarda, atraindo a atenção do Brasil inteiro que está vindo para ver o uso da tecnologia e estudar sua aplicação em outros tipos de órgãos.
O reflexo desse pioneirismo é o fato de realizar 10 transplantes cardíacos em apenas 12 semanas, o que é superior à média histórica do instituto que era de 5 a 6 transplantes por ano.
“O instituto está sendo pioneiro mais uma vez. O Brasil inteiro está vindo para cá ver essa nova tecnologia. Já estão fazendo estudos para mudar e usar essa caixa também em outros tipos de órgãos. Então estamos na vanguarda”, disse Santos, orgulhoso.