Os corpos encontrados em uma área de mata na Serra da Misericórdia pela comunidade do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, estavam amarrados e com marcas de facadas. Ao menos um corpo foi decapitado.
Segundo a Associação de moradores da Penha, 72 corpos foram levados à Praça São Lucas. A associação conta com o apoio da OAB para fazer a contagem oficial. Ao menos dez carros deixaram a Praça para levar os corpos ao IML.
De acordo a Defensoria Pública carioca, 132 pessoas morreram após a megaoperação contra o Comando Vermelho. O balanço do governo do Rio, até a tarde de terça, contabilizava 64 mortes. Entretanto, nesta quarta, Cláudio Castro afirmou que oficialmente, foram contabilizados 58 mortes, sendo quatro policiais. Ele admitiu que o número irá mudar e só será definitivo após o término do trabalho da perícia.
Uma parente de um dos mortos, que preferiu não ser identificada, afirmou que havia corpos com "sinais de tortura", como cortes de faca e decapitados. "Tinha corpos sem cabeça, com marcas de faca", disse a moradora. A reportagem presenciou ao menos um corpo sem cabeça. "Não tinha necessidade de fazerem isso. Muita gente morreu. Eles só vêm para matar", afirmou outra moradora.
Em frente à fila de corpos, moradores relataram o desespero e a dor de encontrar parentes entre as vítimas. "Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui", afirmou a moradora que se identificou apenas pelo nome de Jéssica. "Vou falar o quê? Vou falar o que eu estou perguntando para todos. Governador, me responde o que é certo para você? Isso aqui não é certo. Você mandou para fazer essa chacina. Isso aqui não foi operação, isso foi chacina."
"Você não aguentaria um dia do que o favelado vive. Aqui tem trabalhador, aqui tem guerreiro. Tem bandido? Tem. Mas tem bandido melhor do que os de terno e gravata. Vocês matam com a caneta", reforçou Jéssica.