Em fevereiro de 2025, o governo do Rio Grande do Sul anunciou um investimento de R$ 3 milhões para recuperação geral do tradicional Colégio Estadual Júlio de Castilhos, mais conhecido como "Julinho". Oito meses depois, as reformas têm causado mais transtornos do que soluções.
"É bastante preocupante o quadro das obras, porque logo depois da situação de calamidade que a educação pública vivenciou nas ondas de calor, o governador Eduardo Leite fez uma ação midiática e anunciou o início das obras. Só que elas não estão acontecendo no cronograma adequado", afirma o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-RS), que denunciou os atrasos nas redes sociais na manhã desta sexta-feira (3).
De acordo com o vice-diretor-geral da escola, Daniel Damiani, as reformas eram endereçadas, especialmente, a uma demanda bastante antiga da instituição: a manutenção do telhado, que enfrenta problemas constantes com goteiras. E os desafios estruturais não param por aí.
A gestão do Colégio Júlio de Castilhos ainda aponta para a necessidade de adequações nas redes hidráulica e elétrica do prédio. "A gente tem um afundamento no andar térreo por conta do escoamento incorreto da água da chuva. A questão da parte elétrica também. Temos poucos aparelhos de ar-condicionado na escola, e não há capacidade de colocar mais porque a rede elétrica não comporta", explica Damiani.
O vice-diretor-geral afirma, contudo, que os serviços começaram pela "parte mais fácil", causando transtornos que, até então, não existiam. Atualmente, o terceiro andar do edifício está com todas as suas salas de aula e banheiros interditados.
"São seis banheiros. Eles foram quebrando para fazer a modernização dos banheiros e a situação hoje é que nós estamos com todos os banheiros quebrados. Eles não concluíram. Da mesma forma, as salas de aula. A gente tinha salas de aula, talvez com a pintura desgastada, mas em condições de uso. As 14 salas de aula desse andar estão sem condições de uso, com as portas arrancadas", destaca.
Segundo Damiani, a empresa terceirizada Cetus Construtora, contratada para a realização dos serviços, já enviou quatro equipes distintas para executar as obras. Em mais de um episódio, os trabalhadores não tinham os equipamentos adequados e precisaram pegar materiais emprestados da própria escola.
A falta de agilidade também preocupa. O deputado conta que, no dia em que visitou o colégio, havia apenas “dois trabalhadores envolvidos nas obras em um andar inteiro”. “É uma morosidade gigantesca”, ressalta Matheus.
A previsão para a conclusão da recuperação era de nove meses, entretanto, ainda está longe de ser concluída. “Uma obra mal fiscalizada e mal gerida gera um transtorno maior do que as dificuldades estruturais que já estavam ali colocadas", destaca o deputado.
Matheus critica ainda a falta de transparência entre a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul e a comunicação escolar. "Está faltando um diálogo para informar quais são as medidas que a Secretaria está tomando diante da empresa e tranquilizar a equipe diretiva da escola e toda a comunidade", aponta o deputado.
Em nota, a Secretaria de Obras Públicas (SOP) informa que a recuperação geral do Colégio Estadual Júlio de Castilhos inclui "intervenções em estruturas do prédio, nas paredes, nas esquadrias, nos pisos, no telhado e nas instalações elétricas".
A SOP destaca ainda que a Cetus Construtora já recebeu notificações técnicas e administrativas desde a primeira ocorrência de atraso. De acordo com a entidade, um processo para aplicação de multa já foi iniciado. "O governo do Estado tem capacidade para cumprir o fluxo de pagamentos pelos serviços executados e está agindo para que a obra transcorra no ritmo necessário", afirma a pasta.
A SOP destaca ainda que a Cetus Construtora já recebeu notificações técnicas e administrativas desde a primeira ocorrência de atraso. De acordo com a entidade, um processo para aplicação de multa já foi iniciado. "O governo do Estado tem capacidade para cumprir o fluxo de pagamentos pelos serviços executados e está agindo para que a obra transcorra no ritmo necessário", afirma a pasta.