Diante dos recentes casos de desastres ambientais no Rio Grande do Sul, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) realizou, nesta quinta-feira (25), em cerimônia na Casa Civil, a entrega do mapeamento de áreas de risco em 95 municípios atingidos pela enchente de 2024. Durante o anúncio, também foi apresentado o Sistema de Alerta Hidrológico do Guaíba, idealizado em parceria com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs), com o objetivo de prevenir novos casos de cheias na bacia.
Os estudos foram elaborados com auxílio do crédito extraordinário do Governo Federal e iniciaram-se em setembro de 2024, completando aproximadamente um ano para conclusão. Durante o evento, o chefe do Departamento de Gestão Territorial do SGB, Diogo Rodrigues, revelou que pelo menos 564 mil pessoas vivem em áreas sob risco elevado de inundações ou deslizamentos de terra no Estado. A análise dos mapas estima ainda que há cerca de 154 mil imóveis em pontos sob algum tipo de ameaça em municípios como Canoas, Caxias do Sul, Lajeado, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Pelotas. Algumas cidades, como Porto Alegre e Santa Maria, não entraram no levantamento pois estão contempladas em planos municipais mais abrangentes.
Além disso, na análise dos dados adquiridos, 1.796 municípios em âmbito nacional já foram mapeados pelo Governo Federal, responsável por esse tipo de cartografia. Sendo desse levantamento, 132 no Rio Grande do Sul e 95 atendidos como emergenciais.
"Essas áreas mapeadas são de alto ou muito alto risco, que em um evento extremo são as primeiras regiões a serem afetadas. Não quer dizer que num local de médio risco não possa acontecer um processo de deslizamento ou inundação, mas uma área de alto e muito alto risco é mais suscetível e há tendência de ocorrer uma catástrofe primeiro lá", explica Rodrigues.
O evento também marcou o lançamento do sistema de monitoramento da bacia do Guaíba, responsável pelo fornecimento de informações em tempo real para a prevenção de desastres e a proteção das populações em áreas vulneráveis. Segundo o coronel Luciano Chaves Boeira, chefe da Casa Civil Militar, o sistema de alerta visa auxiliar a Defesa Civil do Rio Grande do Sul no monitoramento de possíveis cheias. Quando houver estimativa de risco, serão emitidos boletins periódicos com previsão do provável comportamento dos cursos da água. As ações originaram-se dentro do Plano Rio Grande, diante das necessidades pós enchente.
"Hoje, os estudos e sistemas que foram feitos em parceria com o Estado e municípios, não adiantam se permanecerem dentro de uma gaveta. Antes do nosso encargo havia um documento feito em 2012, que obviamente teve alguma repercussão naquele momento, mas já não atendia mais as nossas necessidades, então precisávamos dessa atualização. E o Serviço Geológico do Brasil foi essencial nesse processo, responsável por nos colocar num outro patamar", enfatiza Boeira.
O coronel ainda ressaltou o contrato firmado para a instalação de 130 estações meteorológicas no Estado. A previsão é de que a implantação dos equipamentos seja concluída até meados de novembro, reforçando a cobertura do monitoramento em tempo integral. Estão em andamento, além disso, novas licitações para aquisição de radares meteorológicos, ampliação da rede de complexos hidráulicos e fortalecimento da estrutura do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres.
Na cerimônia, também estiveram presentes pesquisadores do SGB, integrantes da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, da Defesa Civil estadual, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do IPH/UFRGS, além de representantes dos municípios abrangidos pelo levantamento.