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Publicada em 19 de Setembro de 2025 às 18:10

Baixa no interesse dos jovens pelas Engenharias preocupa especialistas

Existe uma previsão de um déficit de 300 mil engenheiros no mercado no final de 2030

Existe uma previsão de um déficit de 300 mil engenheiros no mercado no final de 2030

AFP
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Jamil Aiquel
Jamil Aiquel
A área da Engenharia está perdendo espaço entre os jovens. É o que mostra uma pesquisa produzida pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parceria com o Instituto Locomotiva. Segundo o estudo, apenas 12% dos jovens entrevistados demonstraram interesse em seguir carreira na área.
A área da Engenharia está perdendo espaço entre os jovens. É o que mostra uma pesquisa produzida pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em parceria com o Instituto Locomotiva. Segundo o estudo, apenas 12% dos jovens entrevistados demonstraram interesse em seguir carreira na área.
Esses dados têm preocupado os especialistas em educação na área. É o que afirma Cláudio Frankenberg, professor e líder do núcleo de inovação pedagógica da Escola Politécnica da PUCRS. Segundo ele, esse é um fenômeno refletido em todo o País e pode gerar um “um apagão das engenharias no mercado”.
Existe uma previsão de um déficit de 300 mil engenheiros no mercado no final de 2030. Vemos isso pela quantidade de vagas que são oferecidas e não são preenchidas. Tem muita vaga, desde estagiário até profissional e a gente já está sentindo essa dificuldade. O profissional acaba trocando muito rapidamente de emprego, porque no momento que ele está no lugar, ele começa a se qualificar e daí, obviamente, uma outra empresa viu que o cara já está qualificado, vai lá e tira ele”, ponderou Frankenberg.
A pesquisa patrocinada pelo CIEE apontou os três principais motivos de desinteresse dos jovens pela Engenharia. Entre eles estavam a dificuldade em matemática ou disciplinas que envolvam cálculos e as dificuldades financeiras. 
Frankenberg, porém, argumenta que o problema não é simplesmente a matemática. Segundo ele, o desafio reside no fato de que os cursos de Engenharia, especialmente em conteúdos fundamentais como matemática, física, química e informática, exigem muito tempo. Essa exigência inclui tempo para estudar e tempo para resolver exercícios, o que força o estudante a sair do conforto.
“Para estudar, para conseguir entender cálculo, eu vou ter que além da questão só de ficar sabendo qual é a equação que eu vou usar ou qual é a fórmula que eu vou usar. Eu tenho que começar a trabalhar um raciocínio maior, com maior tempo, com maior dedicação. E isso para o nosso jovem hoje, que quer as coisas de uma forma muito imediata, assusta”, destacou o professor. 
Sobre as dificuldades financeiras estarem afastando os alunos das faculdades de engenharia, Frankenberg admite que isso possa sim ser um problema. Apesar disso, o profissional explica que isso se deve à exigência de infraestrutura que o curso requer. 
“Os cursos acabam tendo um alto custo pela exigência de infraestrutura que tu precisa. Fazer engenharia, principalmente hoje, não tem como ser uma engenharia totalmente teórica. O aluno tem que saber botar a mão na massa, ele tem que ter uma infraestrutura de laboratórios, de pesquisa... Isso é essencial na formação do engenheiro e é o que faz com que os cursos, no caso das privadas, tenham um determinado valor, e não temos muito como fugir disso”, lamenta.
Por fim, Frankenberg levantou algumas hipóteses sobre como resolver a questão. Segundo ele, entidades como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) deveriam falar mais sobre o problema e suas possíveis consequências. Além disso, instituições de ensino precisam, por meio de visitas ou permitindo que os alunos venham até a universidade para conhecer os laboratórios, o que ajuda a desmistificar a percepção de que a engenharia é um curso pesado e difícil. 
Ele afirma também que as universidades deveriam buscar alternativas para transformar os cursos de engenharia mais atrativos para os jovens. Isso inclui mudanças significativas, como as implementadas na Pucrs, que incentivam o estudante a "pôr a mão na massa" desde o primeiro semestre, trabalhando em casos reais e prestando assistência a empresas.
“É essencial mostrar para eles que a Engenharia é legal, que a Engenharia pode ser divertida. E essa questão toda da gente mostrar a importância da engenharia no dia a dia do indivíduo, né? Tudo é o que faz com engenharia. É importante também mostrar que a Engenharia não é só aquela coisa da matemática, porque a matemática é uma ferramenta de trabalho para o engenheiro”, ponderou. 

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