Antes da Proclamação da República (1889), os registros de nascimento, batismo e casamento eram realizados pela Igreja Católica, e não pelos cartórios, como ocorre hoje. Em Porto Alegre, a Cúria Metropolitana tem um arquivo histórico desses documentos, abrangendo cidades da Região Metropolitana. A primeira criança catalogada foi batizada no dia 3 de dezembro de 1747, quando a Capital ainda nem existia, filha de mulher escravizada e solteira.
O documento informa que se tratava de um menino chamado de Ignofre, filho da indígena Maria Tapaiuna, catalogado pela Paróquia de Viamão. Ela era escravizada por Miguel Braz, natural de Laguna, em Santa Catarina.
“Há mais informações sobre Miguel do que sobre Maria”, analisa a arquivista e historiógrafa Vanessa Gomes de Campos, ao abrir o livro que contém a certidão. “O pai da criança nunca saberemos quem foi”, acrescenta.
O arquivo da Cúria pode ser visitado por pessoas interessadas em fazer pesquisas para compor árvores genealógicas ou solicitar dupla cidadania. Vanessa informa, também, que os documentos dos séculos 18 e 19 estão disponíveis de forma online no site familysearch.org. Mas a experiência não substitui a visita à rua Espírito Santo, nº 95, no Centro Histórico, bem atrás da Catedral Metropolitana.
Arquivo da Cúria pode ser visitada por quem busca dupla cidadania
Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Construído para ser um seminário, que funcionou até 1912, a pedra fundamental do prédio é de 1865. Depois, ele se tornou a primeira unidade do colégio Marista, transferido mais tarde à avenida Independência para virar Rosário. De 1930 a 1948, foi uma casa de cômodos, ou seja, uma espécie de hostel.
Um dos momentos de integração com a comunidade, conta Vanessa, é no fim do ano, quando os integrantes do coral da Pontifícia Universidade Católica (Pucrs) cantam nas janelas da edificação. Neste ano, o evento já está marcado: será no dia 16 de dezembro.
Sobre os registros arquivados no local, Vanessa afirma que há cerca de 5 mil volumes. “No início do século 20, as pessoas começaram a preencher os formulários e assinar. Mas antes disso, era tudo manuscrito, de cabo a rabo”, lembra.
No local, funcionou o colégio Marista que depois virou Rosário
Mauro Belo Schneider/Especial/JC
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