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Publicada em 03 de Setembro de 2025 às 20:06

Em parceria com a Trensurb, movimento da ONU lança campanha contra o feminicídio

Mote da atual campanha alerta: 'Voltar pra casa dá medo?'

Mote da atual campanha alerta: 'Voltar pra casa dá medo?'

DEBORA BEINA/REPRODUÇÃO/JC
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Jamil Aiquel
Jamil Aiquel
Com o objetivo de engajar diversos setores da sociedade para enfrentar a violência contra as mulheres, além de expandir o alcance e a efetividade das iniciativas que combatem o problema, o movimento HeForShe lançou a segunda campanha "Fim da linha para a violência contra as mulheres". A iniciativa contou com a parceria do Trensurb e também marcou a reativação do Comitê Gaúcho HeForShe.
Com o objetivo de engajar diversos setores da sociedade para enfrentar a violência contra as mulheres, além de expandir o alcance e a efetividade das iniciativas que combatem o problema, o movimento HeForShe lançou a segunda campanha "Fim da linha para a violência contra as mulheres". A iniciativa contou com a parceria do Trensurb e também marcou a reativação do Comitê Gaúcho HeForShe.
A solenidade aconteceu na tarde desta quarta-feira (3), na estação Mercado da Trensurb em Porto Alegre. O evento contou com a presença de Edegar Pretto, articulador nacional do movimento, o diretor-presidente do Trensurb, Nazur Garcia, além do músico e coordenador do movimento no RS, Thedy Corrêa. 
O HeForShe - ElesPorElas, em tradução livre - é uma iniciativa global de solidariedade, criada pela ONU Mulheres, que convida homens e pessoas de todos os gêneros a unirem-se às mulheres na luta por um mundo mais igualitário. Em 2018, o movimento já havia firmado uma parceria com o Trensurb, que buscava sensibilizar os homens para denunciarem casos de assédio no transporte público. Agora, a parceria foi retomada e a segunda campanha com a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre foi lançada. 
“O perfil típico do usuário da Trensurb é feminino. Nós, há mais de 15 anos, transportamos mais mulheres do que homens. Então nós não poderíamos ficar de fora de uma campanha que orienta as mulheres e os homens também, obviamente, no combate à violência contra a mulher e o feminicídio”, destacou o diretor-presidente do Trensurb.
O mote da atual campanha é “Voltar pra casa dá medo?”, que tem como o principal objetivo  falar com as vítimas e informá-las sobre os canais de ajuda. O slogan busca abordar diretamente a sensação de medo que as vítimas podem sentir, especialmente ao retornar para casa, reconhecendo a realidade e a vulnerabilidade que muitas mulheres enfrentam.
A campanha, então, implementará diversas ações para sensibilizar e informar as vítimas de violência. Isso incluirá a instalação de materiais publicitários nos vagões dos trens e estações da Trensurb, que cederá espaços para painéis, panfletos, adesivos de piso e publicidade em TVs internas, além de um vagão decorado para conscientizar a população.
“Os dados de feminicídio no Rio Grande do Sul não são nada alentadores. Temos um índice, talvez um dos mais altos do país. Então as campanhas de feminicídio zero têm que ser tocadas com muita vontade de enfrentar o problema, porque ele não é apenas uma questão de discurso, ele é um fato, infelizmente”, ponderou Garcia. 
Edegar Pretto também exaltou a importância da campanha. O articulador nacional do movimento reforçou a importância de usar um espaço por onde circulam milhares de pessoas diariamente para levar a mensagem. Segundo ele, promover a reflexão sobre a insegurança das mulheres em suas próprias casas é essencial, e destacou que 65% dos feminicídios em 2024 ocorreram nesse ambiente.
“A campanha Fim da linha violência contra as mulheres tem o objetivo primeiro de combater o assédio no trem. Mulher quando sai de casa tem que saber que vai em segurança para o trabalho sem correr o risco de ser desrespeitada mesmo dentro de um vagão do trem. E segundo é trazer essa reflexão sobre a insegurança das mulheres na sua casa. Por isso que o mote da campanha é a pergunta: você se sente segura na sua casa? Porque 65% dos feminicídios no ano de 2024 foram dentro da casa das vítimas", lamentou
Outro ponto de destaque da solenidade foi a reativação do Comitê Gaúcho HeForShe. Segundo Pretto, as ações do movimento tinham sido limitadas no período do governo passado, e sua retomada representa uma renovada mobilização da sociedade civil organizada para combater a violência contra as mulheres. Ele ainda destacou a designação de Thedy Corrêa como coordenador estadual do comitê.
“No período do governo passado, infelizmente a ONU Mulheres não teve a oportunidade de fazer muitas ações, como nós fizemos no passado. E agora com essa nova possibilidade, a ONU Mulheres do Brasil me convidou para ser o mobilizador nacional HeForShe e achamos por bem então que nós tivéssemos uma outra personalidade aqui no Rio Grande do Sul que tocasse a nossa agenda", destacou Pretto. 
 Edegar Pretto destacou a designação de Thedy Corrêa como coordenador estadual do comitê | REPRODUÇÃO/DEBORA BEINA/JC
Edegar Pretto destacou a designação de Thedy Corrêa como coordenador estadual do comitê REPRODUÇÃO/DEBORA BEINA/JC
O coordenador no RS do movimento HeForShe, Thedy Corrêa, também destacou a importância da retomada do comitê, que, segundo ele, é fundamental devido aos números "desafiadores" e "vergonhosos" do estado em relação ao feminicídio. 
Corrêa expressou, ainda, um senso de missão pessoal na causa. Segundo ele, a banda Nenhum de Nós luta contra a violência contra mulher há quase 40 anos, desde que a canção "Camila" abordou a pauta.
“A retomada do comitê é fundamental. O Rio Grande do Sul tem tido números desafiadores e vergonhosos em relação ao feminicídio, a violência e à agressão. Então, vem muito boa hora à volta do comitê. Desde o início da carreira temos essa missão em relação às mulheres, porque “Camila” foi a canção que trouxe essa pauta e a gente leva ela adiante já há quase 40 anos”, enfatizou. 
Por fim, ele falou sobre projetos futuros do comitê, e mencionou que várias iniciativas estão em desenvolvimento, incluindo a ampliação da rede de apoio, com foco especial na colaboração com os clubes de futebol. “Temos vários projetos. Estamos ampliando a rede de apoio e principalmente, por exemplo, uma parceria com o pessoal do futebol, que é muito importante. Os clubes aqui do Rio Grande do Sul estão dispostos a ajudar. Então a gente tá desenvolvendo alguns projetos”, afirmou.

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