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Publicada em 01 de Agosto de 2025 às 15:23

Ciclofaixa da Zona Norte de Porto Alegre aguarda regulamentação há três anos

Embora esteja lá há cerca de três anos, ela ainda não é regulamentada pela EPTC

Embora esteja lá há cerca de três anos, ela ainda não é regulamentada pela EPTC

BRENO BAUER/JC
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Luana Pazutti
Luana Pazutti
Quem transita pela avenida Ceará ou pela rua Edu Chaves, na Zona Norte de Porto Alegre, talvez já tenha reparado na marcação branca na lateral direita das vias, que indica uma ciclofaixa no local. Embora esteja lá há cerca de três anos, ela ainda não é regulamentada pela Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC).
Quem transita pela avenida Ceará ou pela rua Edu Chaves, na Zona Norte de Porto Alegre, talvez já tenha reparado na marcação branca na lateral direita das vias, que indica uma ciclofaixa no local. Embora esteja lá há cerca de três anos, ela ainda não é regulamentada pela Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC).
A pintura já está gasta, e o trajeto não conta com tachões, pictogramas ou sinalização vertical. Mas, a pré-marcação desse projeto inacabado continua ali, causando confusão entre ciclistas e motoristas.
De acordo com a EPTC, as ciclovias e ciclofaixas só entram no cadastro da prefeitura de Porto Alegre quando são finalizadas. Neste caso, a implantação não foi adiante. E, a justificativa é que haviam outras zonas a serem priorizadas. Isso significa que carros e motocicletas não são multados por transitar no trecho. O problema é que essa informação não chega à maioria da população, colocando em risco a vida de quem transita por ali.

A ciclista Andrea Oliveira, criadora do projeto Divas da Bike RS, conta que descobriu que a via não era regulamentada somente quando caiu de sua bicicleta ao ser atingida por um carro. Neste caso, o motorista foi multado, mas o motivo não teve relação nenhuma com o tráfego na ciclofaixa, nem com a colisão. A multa foi emitida apenas porque ele estava utilizando o celular no volante.

Embora utilize a rota diariamente para se deslocar entre Canoas e Porto Alegre, o educador físico Leonardo Robalo também não sabia que o trajeto não era regulamentado. “A gente sente falta de mais ciclovias pela cidade, e se essa não é regulamentada, talvez seja por isso que muitos motoristas não respeitam ela. Acabam invadindo quando a gente está andando de bike, o que torna muito mais perigoso”, afirma.

Entre 2021 e 2024, a prefeitura implementou quase 31 km de ciclovias, totalizando 95,9 km de malha cicloviária na capital gaúcha. O número, contudo, está bem longe de ser suficiente.

Em 2008, o Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), proposto pelo ex-prefeito José Fogaça, mapeou cerca de 410 km de vias, onde havia demanda de ciclistas, grande número de acidentes envolvendo bicicletas e/ou espaço para implantação de ciclovias em Porto Alegre. No ano seguinte, a lei complementar n°626 estabeleceu como meta a construção de 495 km de malha cicloviária na cidade.

Hoje, 16 anos depois, menos de 20% do objetivo original foi alcançado. Como se não bastasse, um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), realizado entre fevereiro e abril de 2024, apontou que cerca de 56% das ciclovias da área central de Porto Alegre têm qualidade insuficiente.

Trechos estreitos, pavimento irregular, sinalização desgastada, falta de iluminação e obstáculos em meio às vias são alguns dos problemas apontados pelo levantamento. Neste cenário, andar de bicicleta se torna um desafio para os porto-alegrenses.

“A gente acaba brincando que o ciclista é o que mais tem o prejuízo, porque se andamos na calçada, o pedestre não gosta. E, se a gente anda na rua, o motorista não gosta. Nunca tive desentendimentos, mas sentimos uma insegurança”, afirma Robalo.

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