Porto Alegre possui 696 praças e nove parques ao ar livre, com diversas áreas verdes para lazer e convívio. Nesses locais, há atividades e oficinas de Educação Física proporcionadas pela prefeitura; 77 academias ao ar livre e iniciativas próprias da população. Muitas ocorrem em uma das praças mais frequentadas da cidade, o Parque Farroupilha, mais conhecido como Redenção.
Durante todo o dia, podem ser encontradas pessoas realizando todo tipo de atividade na Redenção: caminhada, corrida, ciclismo, yoga, tai-chi, capoeira, dança e inúmeras outras. A faixa etária é variável e inclusiva - no mesmo espaço, crianças, jovens, adultos e idosos aproveitam do espaço público para se aproximarem da natureza e cuidarem da própria saúde.
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Alisson Soares, 31 anos, e Gabriel Nogueira, 18 anos , formam uma dupla fiel ao espaço. Os dois vão duas vezes por semana no Parque Ramiro Souto para treinar boxe. Alisson é professor de Educação Física, e Gabriel, seu aluno. Eles contam que o parque é ideal para as atividades que realizam, e o ambiente torna as atividades mais agradáveis e produtivas. "Dá uma sensação de liberdade, de não ficar tão fechado, ver um pouquinho de céu no meio de tanto prédio", conta Gabriel.
Alisson diz que também costuma correr no parque e na pista de corrida do Ramiro Souto quase diariamente. Em outros períodos, ele aproveita o espaço para relaxar e se exercitar. E diz que só não corre à noite por não achar tão seguro, já que é menos movimentado.
Alisson e Gabriel se encontram semanalmente no Parque Ramiro Souto para aulas de boxe
Nico Costamilan/Especial/JC
Os objetivos de quem busca fazer atividade física ao ar livre variam desde questões relacionadas à saúde e ao condicionamento físico até o relacionamento social. Para o professor do curso de Educação Física da Pucrs e especialista em educação ambiental, Rodrigo Cavasini, os benefícios da prática incluem o aumento da autoestima; diminuição do estresse, da depressão e da ansiedade; melhora do condicionamento cardiovascular; redução de níveis colesterol, diminuição de quadros de hipertensão, entre outros.
"Quando pensamos em benefícios de ordem social, podemos pensar aspectos ligados à coesão e inclusão social. Nesse sentido, essas atividades ao ar livre têm características que são muito positivas para se pensar a ideia de aproximar as pessoas", indica Cavasini.
O professor menciona a importância de valorizar o que ele chama de saúde social, principalmente para a terceira idade. "O interagir, o integrar, é uma coisa super importante para eles. Temos muitas vezes junto com o processo de envelhecimento, um distanciamento entre as pessoas. Às vezes a pessoa idosa acaba tendo o núcleo de relações diminuído. E esses espaços ao ar livre pra prática e exercício são bárbaros, porque permitem o diálogo, a conversa, a troca de experiências, a aproximação com pessoas que partilham valores."
Neuza Santos, 62, e Neiva Franco, 64, contam que se conheceram há cerca de 10 anos, praticando exercícios na academia ao ar livre na Redenção, e são amigas desde então. Neiva conta que elas vão ao espaço quase diariamente, evitando somente os dias de frio muito intenso. "Viemos há mais de 10 anos. Para a minha saúde, para os meus ossos, é muito bom. A médica recomenda. E pegar um sol", compartilha.
Neuza acredita que a instalação dos equipamentos foi muito positiva para os moradores da região. "[As pessoas] continuam usando bastante. Pessoas que eram sedentárias, não saiam na rua, começaram a sair. Foi um benefício muito grande para as pessoas, principalmente as de mais idade", diz.
Ela também comenta que gostaria que a academia fosse melhor cuidada, pois há equipamentos quebrados e enferrujados no local. "O problema aqui é que não tem conservação, os equipamentos vão estragando."
Para realizar os exercícios sem se machucar, Neuza conta que procura sentir os limites do próprio corpo, e as orientações das placas no local. Também indica se sentir mais disposta, e mais feliz de conviver com quem encontra no Parque. “Venho pelos benefícios que eu recebo: eu me exercito, me sinto melhor, durmo melhor, faço minhas atividades do cotidiano bem melhor. Me sinto mais forte. E também para sair um pouco, aqui a gente faz amizade com as pessoas e conversa”, conta Neuza.
Para Rodrigo Cavasini, é importante a orientação de um profissional de educação física durante exercícios como os das academias ao ar livre, e lamenta que não ocorra uma instrução proporcionada pela prefeitura nessas espaços. "Poderíamos pressionar que profissionais pudessem estar nesses espaços, junto com estagiários, alguns dias e horários, pra poder trazer orientação. A prática de qualquer exercício vai apresentar riscos, e eles devem ser gerenciados. E especificamente para esse tipo de equipamento, ao ar livre, a forma mais expressiva e efetiva de gerenciamento tem a ver com a participação de profissionais."
Ele indica que as informações junto aos equipamentos também poderiam ser atualizadas e complementadas. "Quando a gente fala em exercício físico, um componente essencial é a especificidade. Alguém que talvez tenha uma lesão no ombro, tal exercício não deve ser feito, falando de maneira bem simples. Não tendo isso, [é preciso] buscar ler de forma atenta as informações que estão ali presentes, e sendo possível, conversar com algum profissional."
Porto Alegre tem atualmente 77 academias ao ar livre
Nico Costamilan/Especial/JC
Porto Alegre tem atualmente 77 academias ao ar livre
Nico Costamilan/Especial/JC
A importância das áreas verdes
A manutenção dos parques e praças pode ser extremamente importante para o clima das grandes cidades e a proteção do meio ambiente. Com a redução da temperatura nesses locais proporcionada pela vegetação, a prática de exercícios e do lazer se torna ainda mais agradável.
Estudo internacional com participação da Universidade de São Paulo (USP), analisou no último ano a revisão de 202 artigos científicos, em que os pesquisadores verificaram que áreas verdes podem diminuir em até 5ºC graus a temperatura no meio urbano. As Áreas de Infraestrutura Urbana verde-azul-cinza (GBGIs) estudadas incluem jardins botânicos, parques verdes, rios e lagos, entre outros. Os resultados do trabalho foram publicados no artigo “Urban heat mitigation by green and blue infrastructure: Drivers, effectiveness, and future needs“, foi publicado na revista The Innovation.
Para Rodrigo Cavasini, a busca do equilíbrio ambiental no ambiente urbano é essencial. "Eu moro no Jardim Botânico, que é o bairro de Porto Alegre, nessa região mais central, que tem as menores temperaturas máximas durante o verão. Com mais área verde temos um efeito que ameniza aquele calor tão forte que tem no verão", explica.
Ele indica que o contato com a natureza é importante para o desenvolvimento da ética ambiental entre os moradores de uma cidade. "Sem o contato que a gente tem, por exemplo, na Redenção, com dezenas de quilômetros de lugares para caminhar, dificilmente eu vou me importar com ela ou com qualquer outro espaço. E a oportunidade de fazer atividades físicas e ambientes ao ar livre, traz como possibilidade de desenvolver o que se chama ética ambiental. Ela nos leva muito a discutir o próprio modo da gente viver, em que a gente não pode fazer o que bem entende com esse planeta", defende Cavasini.
Para o professor, as mudanças climáticas estão relacionadas ao estilo de vida e atual lógica das cidades, e a reaproximação da natureza seria uma estratégia simples muito efetiva de buscar que os moradores de grandes cidades voltem a ter contato ela, e compreendam a necessidade de sua preservação. "Estando na Redenção, esse parque maravilhoso, eu consigo gostar, me apaixonar, entender e querer voltar. Isso também pode e deve fazer com que as pessoas, ao conversar e pensar isso, possam estar cobrando de seus representantes que as políticas públicas se perpetuem e continuem tendo investimento para melhoria e manutenção", completa.
Para o professor Rodrigo Cavasini, o contato com a natureza é importânte para o desenvolvimento da ética ambiental entre os moradores
Nico Costamilan/Especial/JC
O município realiza atividades gratuitas ao ar livre no Parque Ramiro Souto. Entre elas estão a capoeira, a dança, o pickelball e o afoxé. As aulas tem frequência semanal - para algumas, são realizadas inscrições, e outras são abertas ao público geral. Para mais detalhes, é preciso contatar a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel).
Alongamento/Mobilidade
6ª - 15h30 - Adultos/Idosos - Aberta
Beach
2ª, 4ª, 6ª - 15h30 - Adultos/Idosos
Câmbio
4ª-6ª - 8h30 - Idosos
4ª-6ª - 8h30 - Idosos
Capoeira
3ª - 18h - Jovens/Adultos - Aberta
3ª - 18h - Jovens/Adultos - Aberta
Sábado - 9h - Jovens/Adultos - Aberta
4ª - 6ª - 18h - Jovens/Adultos
4ª - 6ª - 19h30 - Jovens/Adultos
Circuito Funcional
3ª, 5ª - 19h30 - Adultos/Idosos
4ª - 6ª - 19h30 - Adultos/Idosos
3ª, 5ª - 19h30 - Adultos/Idosos
Dança Ritmos
4ª - 10h - Adultos/Idosos
Dança
3ª, 5ª - 14h - Adultos/Idosos
6ª - 14h - Adultos/Idosos - Aberta
Dança Afro
4ª - 6ª - 16h30 - Adultos/Idosos
Ginástica Local
2ª, 4ª - 16h30 - Adultos/Idosos
Ginástica Chinesa
3ª, 5ª - 9h - Adultos/Idosos - Aberta
Grupo de convivência
6ª - 14h - Adultos/Idosos - Aberta
Ginástica na cadeira
3ª - 15h30/17h30 - Adultos/Idosos - Aberta
Yoga
3ª, 5ª - 8h30 - Adultos/Idosos
4ª, 6ª - 8h30 - Adultos/Idosos
2ª, 4ª - 16h - Adultos/Idosos
Yoga II
2ª, 4ª - 14h - Adultos/Idosos
Tai Chi Chuan
3ª, 5ª - 10h30 - Adultos/Idosos