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Publicada em 17 de Julho de 2025 às 16:00

Porto Alegre investe abaixo da média nacional em saneamento, revela ranking

A pesquisa, que contemplou 100 municípios brasileiros, utilizou como base dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA)

A pesquisa, que contemplou 100 municípios brasileiros, utilizou como base dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA)

Muhamad Ali Syahid/Pixabay/divulga??o/jc
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Luana Pazutti
Luana Pazutti
Porto Alegre está em 49° lugar no Ranking de Saneamento 2025, do Instituto Trata Brasil, que foi divulgado na terça-feira (15). De acordo com a 17ª edição do levantamento, a capital gaúcha apresentou uma série de resultados positivos, mas ainda investe menos do que a média nacional em saneamento básico por habitante. Além disso, houve uma queda no índice referente à evolução de tratamento total de esgoto. 

Porto Alegre está em 49° lugar no Ranking de Saneamento 2025, do Instituto Trata Brasil, que foi divulgado na terça-feira (15). De acordo com a 17ª edição do levantamento, a capital gaúcha apresentou uma série de resultados positivos, mas ainda investe menos do que a média nacional em saneamento básico por habitante. Além disso, houve uma queda no índice referente à evolução de tratamento total de esgoto. 

A pesquisa, que contemplou 100 municípios brasileiros, utilizou como base dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA). O serviço compila informações referentes aos serviços de acesso à água, coleta e tratamento de esgoto, além de resíduos sólidos. 

 

Além de Porto Alegre, há mais três cidades gaúchas no ranking: Caxias do Sul, Canoas e Pelotas. Os municípios aparecem, respectivamente, em 51°, 67° e 78° lugar no placar geral de 2025.

 

De acordo com o ranking, entre 2019 e 2023, foram investidos cerca de R$ 30,5 bilhões em valores absolutos nas capitais. O município de São Paulo (SP) foi responsável por cerca de 40% desse montante, com investimentos de R$ 11,5 bilhões. Na sequência, estão o Rio de Janeiro (RJ), com R$ 2,9 bilhões, e Fortaleza (CE), com R$ 1,8 bilhão.

 

Enquanto isso, Porto Alegre investiu R$ 485,38 milhões, o que representa apenas cerca de 1,6% do valor total. Quando se trata da média investida por habitante, a capital gaúcha também apresentou resultados baixos.

 

Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), o patamar nacional médio de investimentos anuais necessários à universalização - em outras palavras, o valor ideal - seria de aproximadamente R$ 223,82 por habitante

 

A média das capitais alcançou pouco mais da metade desse valor, com R$ 130,05 por habitante. Porto Alegre, contudo, investe, em média, apenas R$ 72,12 per capita, ficando em 20° lugar entre as 27 capitais analisadas.

 

Cuiabá (MT) foi a única capital que superou o índice recomendado pelo PLANSAB. A capital mato-grossense investe R$ 415,02 por habitante, seguida por São Paulo e Campo Grande. Os municípios investem, respectivamente, R$ 198,97 e R$ 195,31 per capita. O menor patamar, por outro lado, ficou com Rio Branco (AC), que investe, em média, R$ 8,09 por habitante.

 

Considerando os 100 municípios brasileiros contemplados no ranking, apenas 17 investem mais de R$ 200 per capita, sendo que 12 destinam valores acima do considerado de excelência pelo PLANSAB. Em contrapartida, há 49 que destinam menos de R$ 100 para cada habitante.

 

Dmae reconhece investimentos insuficientes

 
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), Bruno Vanuzzi, reconheceu os baixos investimentos. A justificativa para isso, segundo ele, está na estrutura jurídica da autarquia, que não permite uma alavancagem própria.

 

"O último grande salto do saneamento em Porto Alegre foi com o Programa Integrado Socioambiental, o Pisa, que já tem mais de uma década. De lá pra cá, têm sido feitos investimentos muito pontuais, que vêm gerando um crescimento muito lento no tratamento do esgoto da cidade", destacou.

 

Ao defender a privatização do departamento, Vanuzzi afirmou que "o modelo de autarquia é um modelo que é muito mais engessado" do que os que são verificados nas cidades que têm os melhores indicadores.

 

"O que tem sido feito no Brasil nos últimos dez anos é um grande e importante ciclo de investimentos em saneamento baseado em investimentos privados. E, o Brasil inteiro tem colhido já benefícios. Claramente, esse ciclo de investimentos precisa chegar a Porto Alegre para que Porto Alegre chegue aos índices de universalização previstos na legislação", defendeu.  

Em termos de atendimento total de água e esgoto, Porto Alegre se manteve estável, com resultados positivos entre 2019 e 2023. Entretanto, no que se refere à evolução do tratamento total de esgoto, a capital gaúcha saiu de 51,6 pontos percentuais, em 2019, para 42,66 pontos percentuais, em 2023, o que representa uma diminuição de 17,33%.
Quanto a essa queda, Vanuzzi afirmou que há inconsistências nos resultados devido à troca das bases de dados utilizadas para elaboração do ranking. "O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) foi substituído pelo SINISA. E a base de cálculo foi alterada. Esse é um sistema que ainda está sendo estabilizado dentro do Governo Federal e isso está gerando bastante inconsistência", destacou.
O diretor-geral, contudo, reconheceu que ainda há desafios para a ampliação da rede de esgotos. "Estamos trabalhando na ordem de 92% no que se refere à evolução do atendimento total de esgotos na capital. Isso significa que cerca de 8% da população ainda não tem rede de esgoto na frente da sua casa. Não sei se esse é um indicador bom ou ruim, mas não é um indicador que, por si só, nos dê um alento. Ele é um indicador que poderia ser maior", explicou.
Apesar de ter apontado inconsistências, o diretor-geral afirmou que os índices de abastecimento de água estão corretos. Porto Alegre realmente atingiu a meta de 100% de abastecimento de água, mas, para ele, a capital gaúcha ainda precisa se esforçar para reduzir os índices de intermitência. Vanuzzi destacou que a frequência das ocorrências de falta de água ainda é um problema para muitos moradores.
 
 
Para os próximos anos, o diretor-geral do DMAE prospecta avanços significativos. "A nossa meta é ousada. Nossa meta é de universalização. E, para isso nós precisamos sim fazer contratos administrativos mais modernos que incluam recursos, tecnologia e expertise privadas", declarou. 
 

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