Muito aguardada pelos moradores da Região Metropolitana e de Porto Alegre, a duplicação do trecho de Viamão da Estrada Caminho do Meio está prevista para iniciar em 2026, após algumas décadas sem sair do papel. Em um dos capítulos mais recentes, em 2012, a Metroplan conduziu estudos sobre a duplicação. Um ano depois, a obra recebeu recurso federal, mas a demora para o início da duplicação fez com que o então Ministério das Cidades, em dezembro de 2016, anunciasse o cancelamento da verba. O imbróglio trouxe indignação aos moradores e comerciantes da região, que sofrem diariamente com os congestionamentos e acidentes no trânsito da região.
A Estrada Caminho do Meio está entre as principais vias para chegada e saída de Porto Alegre, especialmente para os municípios de Alvorada e Viamão. O trajeto, contudo, tem pista simples entre o cruzamento com a avenida Manoel Elias e a RS-040, em Viamão, o que causa transtornos significativos para milhares de motoristas que circulam na região. Segundo um estudo de 2020 da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), 24 mil veículos passavam a cada dia útil na região próxima à Manoel Elias, em ambos os sentidos.
Para o trecho de Viamão, que tem extensão de 11,4 km, o investimento será de R$ 146,1 milhões do Tesouro do Estado. A licitação terá uma contratação semi-integrada. A previsão de conclusão da obra é de 27 meses, em 2028 (3 meses de projeto e 24 meses de obra).
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Na região, moradores e comerciantes aguardam com expectativa o início dos trabalhos. "Eu venho de Porto Alegre. Quando me desloco pela manhã tem muita tranqueira, e na hora que eu estou indo embora também. Além disso, às vezes acontecem acidentes. Não tem outra saída, aí tranca tudo", diz o proprietário do mercado Rio Sul, Ernesto Cristiano Ribeiro, que faz o trajeto de Porto Alegre a Viamão praticamente todos os dias.
O gerente de uma agropecuária do entorno, Giliar Silva, pensa na valorização econômica da região, mas teme os transtornos que virão durante a atividade. "Depois de prontas as obras, a região vai dar uma valorizada geral, então vejo que temos a ganhar com essa questão. A duplicação vai afetar nosso estacionamento e a fachada da loja, por enquanto a prefeitura não nos comunicou de nada sobre. Acredito que deve haver uma transparência maior com a população, porque ainda há uma complicação trazida para o fluxo de clientes durante o período de trabalhos. No geral, vemos com bons olhos a mudança, mas o processo em si nos preocupa um pouco", reflete. Não é caso de Silva, mas o Estado já trabalha com a possibilidade de desapropriação de muitas casas e comércios que foram construídos na beira da estrada.
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Pessoas que moram em frente à estrada há décadas, como é o caso do aposentado João Wilson, já ouviram muitas promessas, mas nunca viram nada sair do papel. "Nós íamos para a Metroplan na época, 35, 40 anos atrás, para reivindicar melhores condições. Além disso, aqui ocorreram muitas mortes, já que depois do asfaltamento eles não botaram um viaduto e nem uma lombada eletrônica. Todo esse período realmente era só promessa. É um descaso, porque a estrada abrange diversos municípios", conta Wilson, que mora ali há mais de 40 anos.
Por ter uma residência na beira da estrada, ele está atento para uma possível desapropriação. "Uma preocupação não só minha, mas de várias pessoas. Eu cheguei até a ligar para a Metroplan para perguntar sobre isso, mas eles não me passaram segurança. Não vieram falar conosco, daqui a pouco vão tocar as máquinas por cima de tudo", teme Wilson.