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Publicada em 11 de Julho de 2025 às 09:30

Apostas fazem 1/3 dos jovens desistir de ir para a faculdade

Os dados são da pesquisa O impacto das bets na educação superior, realizada pela Abmes

Os dados são da pesquisa O impacto das bets na educação superior, realizada pela Abmes

Bruno Peres/Agência Brasil
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Agências
Os gastos dos jovens com apostas online têm afetado o ingresso e a permanência na faculdade. As despesas com as bets foram o motivo para que 14% dos alunos matriculados em instituições particulares já tenham atrasado as mensalidades ou trancado o curso. Esse índice é ainda maior nas classes B1 e B2 - chega a 17%. Os dados são da pesquisa O impacto das bets na educação superior, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), que representa as faculdades particulares, e pela Educa Insights.
Os gastos dos jovens com apostas online têm afetado o ingresso e a permanência na faculdade. As despesas com as bets foram o motivo para que 14% dos alunos matriculados em instituições particulares já tenham atrasado as mensalidades ou trancado o curso. Esse índice é ainda maior nas classes B1 e B2 - chega a 17%. Os dados são da pesquisa O impacto das bets na educação superior, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), que representa as faculdades particulares, e pela Educa Insights.
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No total, houve 2.317 respostas em março de 2025 de jovens de 18 a 35 anos de todas as classes sociais e regiões do Brasil. Entre os entrevistados, um em cada três (34%) afirma que precisaria ter interrompido as apostas para iniciar os estudos no primeiro semestre de 2025.

Os valores desembolsados variam conforme a classe social: enquanto os apostadores da classe A destinam, em média, R$ 1.210 mensais às apostas, nas classes D e E o valor médio é de R$ 421.

A maioria relata comprometer até 5% da renda mensal. Mas cresceu a quantidade de pessoas, especialmente entre as mais pobres, que ultrapassam a marca de 10% do orçamento com as apostas.

Detalhamento


Ao responderem a pergunta se já haviam apostado online alguma vez, a maioria (87%) dos jovens entrevistados da classe A respondeu que sim. O porcentual daqueles que nunca apostaram é de apenas 13%. Já nas classes D e E, a divisão fica mais proporcional: 57% já apostaram em alguma plataforma online, nem que seja uma vez na vida, e 43% nunca apostou.

Em um recorte regional, a pesquisa constatou que Nordeste e Sudeste são as regiões com a maior proporção de brasileiros que associam o adiamento da graduação à prática de apostas online.

Em relação ao primeiro semestre de 2025, os porcentuais são de 44% no Nordeste e de 41% no Sudeste. No sentido oposto, as Regiões Sul e Centro-Oeste têm as populações que menos fazem essa relação: 17% no Sul e 18% no Centro-Oeste dizem que precisariam ter interrompido as apostas para estudar no primeiro semestre deste ano. Para o primeiro semestre de 2026, a projeção indica que dos quase 2,9 milhões de potenciais ingressantes, 34% (986 mil) estão sob risco de não efetivar a matrícula por causa do comprometimento financeiro com bets.

O perfil de apostadores encontrado é de homens de 26 a 35 anos, trabalhadores, com filhos, pertencentes às classes C e D e que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Ainda conforme a pesquisa, mais da metade (52%) dos entrevistados aposta regularmente, sendo a frequência predominante de uma a três vezes por semana. A proporção cresceu desde a última edição da pesquisa, em setembro, quando 42,9% dos jovens apostavam com frequência.

"O estudo mostra que as apostas online se tornaram um obstáculo adicional para o acesso à educação superior no Brasil", afirma Paulo Chanan, diretor geral da Abmes. "Precisamos olhar com seriedade para esse cenário e desenvolver políticas públicas que conscientizem os jovens sobre as responsabilidades envolvidas com a prática de apostar", acrescenta. Segundo ele, o fenômeno é relativamente novo no Brasil e "carece de amadurecimento e maior compreensão das responsabilidades tanto do poder público quanto dos apostadores".

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