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Publicada em 06 de Maio de 2025 às 17:53

Ferramenta de IA prevê risco de abandono escolar na rede estadual de ensino

Analisando dados socioeconômicos e de frequência nas aulas, plataforma calcula níveis de risco e busca prevenir a evasão e o abandono

Analisando dados socioeconômicos e de frequência nas aulas, plataforma calcula níveis de risco e busca prevenir a evasão e o abandono

Gustavo Perez/ASCOM Seduc
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Andressa Pufal
Voltada à prevenção do abandono e da evasão escolar, a Política de Proteção à Trajetória do Estudante, lançada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) nesta terça-feira (6), prevê a utilização de uma ferramenta de Inteligência Artificial. Com base em dados socioeconômicos e de frequência dos alunos, a plataforma calcula os riscos e antevê o abandono escolar.A iniciativa ainda desenvolveu um protocolo de ação a ser seguido pelos orientadores educacionais diretamente com os estudantes de risco dentro das escolas. Em elaboração desde 2023, a ferramenta já vem sendo testada nas escolas de rede estadual de Porto Alegre e apresentou 91% de acurácia.
Voltada à prevenção do abandono e da evasão escolar, a Política de Proteção à Trajetória do Estudante, lançada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) nesta terça-feira (6), prevê a utilização de uma ferramenta de Inteligência Artificial. Com base em dados socioeconômicos e de frequência dos alunos, a plataforma calcula os riscos e antevê o abandono escolar.

A iniciativa ainda desenvolveu um protocolo de ação a ser seguido pelos orientadores educacionais diretamente com os estudantes de risco dentro das escolas. Em elaboração desde 2023, a ferramenta já vem sendo testada nas escolas de rede estadual de Porto Alegre e apresentou 91% de acurácia.
O projeto busca mitigar a taxa de insucesso escolar do Ensino Médio do Rio Grande do Sul, que representa 19,5% - porcentagem que soma os 10,6% de reprovação e os 8,9% de abandono do ano letivo. "Nós somos o Estado com maior índice de evasão no Brasil. Esse é um dado que pesa", diz a secretária de educação, Raquel Teixeira. "Então, o grande desafio das nossas escolas hoje é lidar com a evasão, o abandono e a reprovação. E por isso a gente tá lançando hoje essa política de proteção da trajetória escolar. São políticas que outros Estados já implementaram e que deram certo."
A ferramenta será implementada em toda a rede estadual do Estado e opera a partir dos dados de frequência dos estudantes, alimentados pelas listas de chamada de cada aula. Quando os números de falta sobem, os orientadores educacionais apontam as possíveis razões para baixa frequência, de acordo com dados socioeconômicos do estudante.
Como a ferramenta funciona
A Inteligência Artificial vai calcular o risco de abandono a partir do número de faltas, dividindo os alunos em níveis de risco. Os níveis são classificados em médio, quando o estudante tem mais de 40% de infrequência; alto, quando as faltas ultrapassam 60%; e crítico, quando esse número chega nos 80%.

Calculados os riscos, os orientadores educacionais das escolas colocam em prática os planos de ação, adaptados para cada nível de risco. "O principal ator da nossa política é o orientador educacional. Ele é o guardião da frequência escolar, o elo entre a comunidade escolar, entre a família, entre o estudante e a escola", diz Marcelo Brizolim, Subsecretário adjunto de Governança e Gestão da Rede Escolar. "Sem a atuação forte do orientador educacional, nossa política fica muito frágil", afirma.
Segundo dados da Seduc, 95% das escolas de ensino médio da rede estadual do Estado contam com orientadores escolares. São eles os responsáveis por colocar em prática os planos de ação para estudantes em risco de abandono. Caso não haja um orientador, esse papel pode ser delegado para outros agentes escolares, como vice-diretores. O protocolo para o risco médio consiste em alertar via SMS o estudante e os responsáveis sobre a infrequência e informá-los sobre políticas e programas de assistência estudantil aos quais o aluno tem direito, bem como assegurar sua adesão.
Para o risco alto, o protocolo é alertar o estudante e responsáveis por WhatsApp, por ligação telefônica e enviar um termo para ser assinado pelos responsáveis. Depois disso, a escola promove uma rede de escuta ativa ao estudante, realiza reuniões com os responsáveis e inclui o aluno em aulas de reforço. No risco crítico, busca-se entender os motivos pelos quais o estudante não está mais comparecendo às aulas, para desenvolver um estudo de caso e implementar ações específicas visando atender as demandas do aluno, além de garantir o acompanhamento semanal individualizado e adaptar o processo de aprendizagem às suas necessidades. "Não queremos que a escola seja o motivo para o abandono", sintetiza Brizolim. 
A cada trimestre a ferramenta recalcula os riscos do estudante, baseada nos efeitos ou não dos planos de ação. O aluno, então, pode subir ou descer na escala de gravidade, afetando nos protocolos a serem utilizados com ele. "A gente construiu essas premissas para que a escola tenha o tempo de um trimestre para agir", explica o coordenador do Centro de Educação Baseado em Evidências, Guilherme Simionatto. "Se no próximo trimestre o estudante se mantiver no risco, as ações devem ser continuadas. E a ideia é que esse sistema não deixe ninguém para trás: em eventuais movimentações de estudantes, essas informações são inseridas em uma ficha digital do estudante, para que, por onde ele passe, esses dados o acompanhem."
 
 

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