Com investimentos que ultrapassam os R$ 70 milhões, a cidade de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, realiza obras no sistema de proteção contra cheias e tenta se recuperar da tragédia climática de maio do ano passado, que causou destruição no município de mais de 347 mil habitantes - terceira maior cidade do Rio Grande do Sul.
As obras estão concentradas no dique da Mathias Velho, ao lado da casa de bombas 6, e também no Muro da Cassol, que atuará junto ao dique na proteção dos bairros Rio Branco e Fátima. No bairro Niterói, a extensão da rua Gravataí está em andamento, enquanto no Mato Grande já começou a construção dos alicerces do novo dique.
Na parte Oeste da cidade, a força das águas afetou a vida de mais de 170 mil pessoas e 70 mil residências foram totalmente destruídas. Os bairros de Canoas mais atingidos pela enchente de maio foram o Rio Branco, Harmonia, Mato Grande, Cinco Colônias, Mathias Velho e São Luís. "A tragédia de maio de 2024 atingiu na verdade 100% do município. Ainda estamos em busca de recuperação das nossas vidas e da nossa economia que foi duramente afetada pela catástrofe climática", destaca o prefeito Airton Souza.
O prefeito afirma que a parte Leste de Canoas, que não foi atingida pela enchente, serviu de abrigo para a população que se mudou para o outro lado da cidade. "Montamos abrigos em escolas e muitas pessoas foram para aluguéis temporários ou para a casa de familiares ou amigos", lembra. Um exemplo, segundo Souza, é que toda as escolas da região Leste ficaram danificadas porque elas serviram de abrigo para a população.
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Segundo o prefeito, 21 mil empresas foram atingidas e muitas não tiveram condições de recomeçar porque seus equipamentos ficaram embaixo d' água. "Temos trabalhado forte para incentivar o empreendedorismo porque com isso a gente retoma os empregos que a enchente levou", comenta. Um levantamento da prefeitura aponta que 21 mil pequenas, médias e grandes empresas foram atingidas pela catástrofe climática. "A economia do município teve um baque violento com a perda de empresas e, consequentemente, a perda de empregos", pontua.
Com relação a reconstrução dos diques, o prefeito de Canoas explica que quatro obras estão em andamento. O dique de Niterói, o Muro da Cassol no bairro Rio Branco (com previsão de conclusão em 90 dias) e o dique do Rio Branco, que rompeu. Além disso, foram iniciados os trabalhos de construção do Dique do bairro Mato Grande com uma extensão total de 2,5 mil metros. Também está previsto a construção de duas casas de bomba que vão contemplar os bairros Mato Grande e Fátima. No Mathias Velho, a prefeitura trabalha na restauração do dique do bairro. "Se o governo federal liberar os recursos financeiros, vamos chamar as empresas e colocar mais gente para trabalhar nos diques", comenta.
Segundo Souza, a conclusão das obras dos diques avaliadas em R$ 600 milhões depende dos aportes financeiros dos governos federal e estadual, provenientes do fundo que foi destinado para a recuperação do Estado. "Está ocorrendo uma demora danada em razão de entraves burocráticos para liberar os recursos financeiros. Temos a palavra do governador que os recursos vão ser liberados em maio", acrescenta.
O prefeito ressalta que as empresas precisam ter tranquilidade e segurança para investir na parte Oeste da cidade. "Sempre existe o receio de uma nova enchente e também pela segurança das famílias e para quem gera emprego em Canoas", explica.

Prefeito Airton Souza diz que conclusão das obras nos diques depende de aportes dos governo federal e estadual
Lucas Balejo da Silva/Prefeitura de Canoas/Divulgação/JC